quinta-feira, 26 de junho de 2025

NAS DOBRAS DE UM PAPEL

 

Ao dobrar um papel de presentes, o fazemos com cuidado e esmero, respeitando as devidas proporções e filtrando no embrulho a beleza estética, sem contar os pensamentos leves que nos povoam naquele ato, os meio-sorrisos que escapam entre os lábios e o toque afetivo que pode vazar de nossas intenções, como se fossem dobras celestiais. Ao amassar um papel de rascunho ou um papel que acreditamos não ter mais serventia, fazemos dele uma bola rápida na palma da mão, dele querendo nos livrar o mais rápido possível. Ninguém enrola este papel cuidadosamente, certificando-se de que será a bola mais perfeita do mundo, ou a mais lisa, nem lhe dedica pensamentos soltos. No entanto, parece que o gesto recolhe de volta o conteúdo que havia no rascunho, pela palma da mão, e joga fora apenas o papel amassado.


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