Ao dobrar um papel de
presentes, o fazemos com cuidado e esmero, respeitando as devidas proporções e
filtrando no embrulho a beleza estética, sem contar os pensamentos leves que
nos povoam naquele ato, os meio-sorrisos que escapam entre os lábios e o toque
afetivo que pode vazar de nossas intenções, como se fossem dobras celestiais.
Ao amassar um papel de rascunho ou um papel que acreditamos não ter mais
serventia, fazemos dele uma bola rápida na palma da mão, dele querendo nos
livrar o mais rápido possível. Ninguém enrola este papel cuidadosamente,
certificando-se de que será a bola mais perfeita do mundo, ou a mais lisa, nem
lhe dedica pensamentos soltos. No entanto, parece que o gesto recolhe de volta
o conteúdo que havia no rascunho, pela palma da mão, e joga fora apenas o papel
amassado.
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