domingo, 8 de junho de 2025

PARADOXO DOS PARADOXOS

 

Sentir-se mal por sentir-se bem, perto de quem se sente mal, é sintoma de codependência e é sinal de que você está deixando alguém conduzir a sua vida e suas emoções. Se não for transferência de poder, pode ser também o medo de perder. Crescer em consciência não é frieza nem indiferença, é liberdade e libertação das amarras emocionais e dos padrões de comportamento viciados de família, não devendo se tornar desculpa para o desenvolvimento espiritual de alguém. Bloquear a própria abundância financeira, para evitar ofender os parentes mais pobres, não deveria ser motivo de autossabotagem. Há algo de doentio neste “sentir mal por sentir-se bem”.


sábado, 7 de junho de 2025

PROJEÇÃO NACIONAL

 

Trago em mim uma teoria muito pessoal, a de que a população de um país IMITA OU REPETE O COMPORTAMENTO DE SEUS GOVERNANTES. Se o governo é ditatorial e sanguinário, surgem revoltas e guerrilhas na população mais politizada. Se o governo gosta de levar vantagem em tudo, a população favorece as fraudes. Se o governo é injusto, a população começa a ser injusta, uns com os outros. Se o governo estimula polarização e ódio, a população expressa o ódio tanto na violência urbana quanto nas mídias sociais. Se o governo é negacionista, a população nega até o óbvio e o que lhe faz mal. Se o governo trabalha em banho-maria, a população deixa de produzir e só quer aproveitar a enxurrada de feriados. Afinal, os políticos vieram da população.


sexta-feira, 6 de junho de 2025

LEITURA

 

A banalização da violência a nível mundial chegou até nós pela indústria do entretenimento. A propagação de narrativas falsas chegou até nós pelas vias políticas, através de discursos de polarização e ódio. As vitórias do mal sobre o bem chegaram até nós pela porta da frente do mundo, ou seja, pelo uso indiscriminado de hipnose global através dos telefones celulares. Sem apreço pela liberdade de expressão, tudo o mais corre pelo ralo dos esgotos. No âmago da ignorância de cada cidadão, renasce o instinto violento e concentrado, ressurge a manifestação plena de ataques verbais inconsequentes e injustos, regenera-se a maldade e as sombras com a velocidade das ervas daninhas e da luz.


quinta-feira, 5 de junho de 2025

FAZENDO ACONTECER

 

Para realizar um grande projeto pessoal, necessitamos de referências externas e motivação interna através de sentimentos de progresso. Eu preciso me tornar melhor em comunicação de ideias, em conexão com as necessidades das pessoas, em networking profissional, em negociação de trocas, em formação técnica, em pesquisas, em articulação de recursos, em iniciativa e em consistência, sem qualquer dose de otimismo inocente. Sem consistência diária caímos no vale da desistência, onde trocamos a busca da qualificação pela realização de quem nem tudo era como imaginamos.  Entre o vale da desistência e a realização com sucesso do projeto, há uma subida íngreme de repetição e aquisição de novos conhecimentos e estratégias, pois a prática faz a perfeição. A consistência evita frustração e constrói a sensação de que evoluímos pouco a pouco mas evoluímos diariamente. Todas as noites preciso dormir com a certeza agradável de que hoje aprendi algo e me aperfeiçoei. O segredo é sair logo do vale da desistência e se prontificar a dominar técnicas e assuntos.


quarta-feira, 4 de junho de 2025

O AMIGO INIMIGO

 

A tecnologia está atrofiando o cérebro das pessoas, imobilizando a iniciativa, reduzindo a criatividade, pois cabe a ela nos substituir em todas as áreas da vida em nome de nosso conforto. A tecnologia está engordando pessoas com maus hábitos e poucos exercícios, com inércia e institucionalizando zonas de zumbis. A tecnologia está cegando os olhos de quem a usa demais, neutralizando o futuro, o presente e o passado deles em nome de momentos hipnóticos e velozes que os escravizam. A tecnologia está aprendendo a produzir, a criar, a decidir, a comandar, a controlar e a destruir o que não lhe convém. De necessidade à modismo, ela se tornou nossa maior ferramenta de autodestruição.

 


terça-feira, 3 de junho de 2025

ROCHEDO

 

Bem que Deus avisou, permaneça no momento presente e aceite a realidade como ela é, fruto dos processos da natureza e do universo, fruto da criação inteligente que sabe para onde se mover, e tudo o mais vos será acrescentado. Ao ganhar um nome, uma identidade, nasce o Ego, este departamento curioso para experienciar os desejos, este Ser inconsequente e movido pelos erros e tentativas, este Ser atraído pelas complexidades e pela vaidade do poder. Assim como as ondas batem violentamente nos rochedos, assim também as emoções do Ego nos batem e nos açoitam com dúvidas e incertezas. O Ego nos afasta de Deus.


segunda-feira, 2 de junho de 2025

UM NÚMERO NA MULTIDÃO

 

A Humanidade está desaparecendo. Cada vez que um ser humano imigra, ele mescla duas ou mais culturas e nelas se perde, não sendo mais nem de uma nem da outra. Cada vez que alguém entra numa instituição religiosa e se compromete com ela, ele se afasta da própria família de sangue e se mescla com estranhos que o chamem de irmão. Cada vez que uma pessoa se expõe em excesso na Internet, muito mais ela assume um personagem virtual e se afasta da própria identidade para se fazer de maior e melhor. Cada vez que uma pessoa se entrega a uma gangue, menos ela se reconhece como indivíduo e mais ela se reconhece como membro. Como é fácil pulverizar pessoas na multidão.


domingo, 1 de junho de 2025

EU SABO MAIS

 

Toda criança teima com seus pais por achar que sabe tudo. Todo adolescente torna-se aborrecente por achar que sabe tudo. Todo adulto confronta outros adultos por achar que é dono da verdade, mesmo sem saber o que seja a tal da verdade. Todo idoso esquece muito do que sabia, mas continua pensando saber mais do que todo mundo. Este é um dos erros mais comuns da humanidade, achar que sabe tudo. Se pelo menos dissesse saber o suficiente para aquele dado momento, ainda seria aceitável e conciliável. Parece um erro de fabricação, quem sabe uma expressão do ego para permanecer vivo e no controle de nossa vida, talvez um mecanismo de sobrevivência num mundo competitivo, quem sabe um exercício de busca da significância. Saber muito parece um ato de ignorância, quando se esquece quem se é e se veste de teorias.


VOZ

 

Vocês se lembram da minha voz? Perguntava o comercial de shampu, afirmando que ela não mudou nada, mas os cabelos sim, quanta diferença. Mentira. Nossa voz verdadeira ficou na infância, nos tempos em que a gente nunca ficava afônica. Chegou a adolescência e nossa voz se perdeu por entre os hormônios, soando como taquara rachada. Na juventude ela se acomodou ao novo corpo, aos novos hábitos de dormir pouco e beber muito, aos novos vícios de fumo. Na idade adulta ela variava conforme as situações e as emoções. Na terceira idade ela tremia como se acaso fosse cair diante da ventania do tempo. A gente nunca parou para pensar, mas nossa voz nem é nossa mais.