Foi o desamor que me deixou
assim, morando no décimo terceiro andar, pertinho do céu, olhando ansiosamente
pelas chamadas telefônicas ou mensagens de S.O.S., imaginando paixões infinitas
cidade afora. Quando a noite vem, escuta-se daqui os rumores dos amores
consolidados. Portas que se abrem, sapatos largados no chão, o querido sofá que
se acomodou aos músculos de quem chega cansado do trabalho, “amor, a janta tá
pronta, vai tomar banho, vai”, toalha limpinha e felpuda o espera, “agora não,
MÔ, hoje o dia foi foda, aquele chefe maldito pegou no meu pé e me lançou nas
paredes como uma lagartixa com suas palavras críticas, me apertou contra a
parede, queria mais resultados, mas eu não tenho o mesmo fôlego dele”. Ela olha
enternecida, “deixa que eu cuido de você, dos seus pezinhos, hoje vai ter a
sobremesa que você mais gosta, vamos...”, a imaginação correndo solta pelas
minhas veias e artérias, sabendo que paixão ou amor são opcionais. Foi a paixão
que me fez assim.
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