Nas noites sou lago, acalmado e pausado das
corredeiras, aposentado das pernas alongadas e passos apressados, isento de
posicionamentos identitários, desprezando a verticalidade para relembrar
posturas fetais. Nos dias sou mar, agitado pelas ondas emocionais imprevisíveis
na forma, desprendendo-me das espumas indesejadas de certos pensamentos,
povoado por crenças e símbolos da superfície às profundezas de mim mesmo. Nos
intervalos da consciência, sou rio. A linha do tempo me leva para onde não
percebo, esqueço da vida e de seus propósitos, ligo o botão automático e vou
dormir acordado até que o cansaço me devolve ao corpo. Quando sobra inércia,
posso lembrar minha sutil consciência de estar no mundo sem pertencer a ele.
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