sexta-feira, 29 de julho de 2016

DESCONSTRUINDO



Hoje combatemos em público e nos outros o que um dia nos serviu de salvação. Somos contraditórios, incongruentes, injustos, volúveis. Gostamos de defender o abstrato, as imagens de nós que tentamos projetar no mundo. Sabemos que ninguém é totalmente o que aparenta ser e por isso permitimos o teatro, a farsa, o jogo, os testes, a mágica. Ao cansarmos de um certo público, passamos a desconstruir pessoas e expectativas sobre elas, planos e sonhos, crenças e valores. Como não suportamos o vazio criado, precisamos preenchê-lo com qualquer coisa que nos reanime e nos faça sentir bons, especiais, úteis, espertos, pois não há tempo a perder. O tempo passa, o tempo muda, mudamos nós também, sem ao menos perceber que, inconscientemente, cumprimos os personagens que nos couberam na representação coletiva da vida humana, onde todos estamos interligados por propósitos invisíveis de algo que não sabemos ainda desconstruir. Se soubéssemos, o faria.

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