quarta-feira, 25 de maio de 2016

JANELAS


Se as janelas falassem, elas desejariam “bom dia” todos os dias ao sol que a perspassa. Elas registrariam na memória tudo o que alguém tentou esconder lá dentro ou imaginou lá de fora. Elas se sentiriam mais fortes do que o vento ao trabalharem como porteiros da casa. Elas refletiriam seu próprio brilho e beleza para que o mundo as admirassem. Elas abririam o dia e cessariam as noites para deixar bem claro quem ali manda mais. Se as janelas falassem, elas se mostrariam mais arrogantes do que as portas que batem, mais poéticas do que os telhados que namoram a lua, mais coloridas do que as paredes que alimentam entregas de corpos. Ainda bem que não falam.


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