quarta-feira, 22 de julho de 2015

FRESTAS


Pelas frestas da janela passa o sol bem miudinho, invadindo o sono escuro e anunciando a chegada do tempo acordado. Pelas frestas dos olhos passa o mundo bem miudinho, anunciando a chegada da vida em outras cores e formas. A fresta se transforma em festa se o olho vira janela escancarada, sem remelas do passado, pronta para receber a luz que vem do fim do mundo e faz curva no prisma do coração das pessoas. Como são seres refratários ao amor, seus olhos revelam a alma que incendeia a existência por um curto lapso de identidade, sem dar tempo à estagnação dos sonhos, sem se vender aos diamantes, sem tecer tramas de pensamentos fortes. Seres refratários ao criador, seus olhos se transformam em gotículas de doce orvalho quando as árvores brotam de dentro dos nós.



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