sábado, 9 de junho de 2012

CONTRADIÇÕES DA UNIDADE E DO AMOR


Certa vez descobri sozinho que a tal da unidade, tanto pregada pelas escolas de expansão de consciência, não servem ao ponto final do despertar, ou seja, ela serve apenas para orientar alguns passos do caminho. Hoje é a vez de questionarmos o amor incondicional.

Ser amado incondicionalmente significa ser aceito pelos outros com todos os meus defeitos, limitações, erros, crimes, pecados, inseguranças, ignorância. Sendo portador de todos estes méritos, como posso me relacionar com os outros sem incomodar àqueles que cultivam valores diferentes dos meus? Como posso crescer, evoluir em consciência, se continuo a cometer injustiças e recebo compreensão de quem dá tapinhas nos meus ombros?

Se sou amado incondicionalmente e se eu quisesse mesmo mudar, transformar a minha vida, corrigir meus erros, eu não iria querer ser amado desta forma. Eu iria querer acreditar na possibilidade real de mudança, de transformação e de progresso pessoal. Eu iria querer conhecer valores, doutrinas, verdades incontestes, exemplos de autossuperação. Neste caso, o amor incondicional não teria nenhuma utilidade para a minha evolução, embora servisse mais a quem o experimenta doando. Jesus amou, amou incondicionalmente, amou até não parar mais, até morrer e ressuscitar. Nem por isso o mundo evoluiu como deveria sob sua doutrina, nem por isso o homem ama sua família humana até hoje. A mesma estória com Budha, com Khrishna e tantos outros mais.

Se me foi ensinado a ser transparente, verdadeiro, íntegro, a me aceitar como sou, como posso evoluir sem tomar responsabilidade pelo meu crescimento e pela expansão de minha consciência... se este comportamento ou posicionamento apenas me conduz nos territórios da unidade... se esta atitude me mantém refém de meus pensamentos e emoções? Neste caso o exercício da integridade interior iria provocar minha percepção ou reafirmar minhas limitações, servindo também a uma etapa do caminho e não ao objetivo final do despertar.

Tomar consciência de um erro com condescendência, sem responsabilidade, não pode servir aos meus propósitos mais elevados. Integridade interior sem responsabilidade torna-se assim mais uma contradição da unidade. E assim vamos vivendo nossos processos individuais de expansão de consciência, até que um dia a Graça Divina nos encontre perdidos por aí e decida um dia nos conceder o despertar. Aguardemos...

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