Certa vez descobri
sozinho que a tal da unidade, tanto pregada pelas escolas de expansão de
consciência, não servem ao ponto final do despertar, ou seja, ela serve apenas
para orientar alguns passos do caminho. Hoje é a vez de questionarmos o amor
incondicional.
Ser amado
incondicionalmente significa ser aceito pelos outros com todos os meus
defeitos, limitações, erros, crimes, pecados, inseguranças, ignorância. Sendo
portador de todos estes méritos, como posso me relacionar com os outros sem
incomodar àqueles que cultivam valores diferentes dos meus? Como posso crescer,
evoluir em consciência, se continuo a cometer injustiças e recebo compreensão
de quem dá tapinhas nos meus ombros?
Se sou amado incondicionalmente e se eu
quisesse mesmo mudar, transformar a minha vida, corrigir meus erros, eu não
iria querer ser amado desta forma. Eu iria querer acreditar na possibilidade
real de mudança, de transformação e de progresso pessoal. Eu iria querer
conhecer valores, doutrinas, verdades incontestes, exemplos de autossuperação.
Neste caso, o amor incondicional não teria nenhuma utilidade para a minha
evolução, embora servisse mais a quem o experimenta doando. Jesus amou, amou
incondicionalmente, amou até não parar mais, até morrer e ressuscitar. Nem por
isso o mundo evoluiu como deveria sob sua doutrina, nem por isso o homem ama
sua família humana até hoje. A mesma estória com Budha, com Khrishna e tantos
outros mais.
Se me foi ensinado a ser
transparente, verdadeiro, íntegro, a me aceitar como sou, como posso evoluir
sem tomar responsabilidade pelo meu crescimento e pela expansão de minha
consciência... se este comportamento ou posicionamento apenas me conduz nos
territórios da unidade... se esta atitude me mantém refém de meus pensamentos e
emoções? Neste caso o exercício da integridade interior iria provocar minha
percepção ou reafirmar minhas limitações, servindo também a uma etapa do
caminho e não ao objetivo final do despertar.
Tomar consciência de um erro com
condescendência, sem responsabilidade, não pode servir aos meus propósitos mais
elevados. Integridade interior sem responsabilidade torna-se assim mais uma
contradição da unidade. E assim vamos vivendo nossos processos individuais de
expansão de consciência, até que um dia a Graça Divina nos encontre perdidos
por aí e decida um dia nos conceder o despertar. Aguardemos...
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