“O mundo está ficando
chato demais”, disse um de meus amigos de barzinho da zona sul. “Quero morrer.
Prefiro sair do planeta do que ficar como testemunha de uma civilização que prostituiu
a si mesma. Não aguento mais o politicamente correto, o todes ridículo, a nova
ordem mundial, o passaporte sanitário, o sumiço de nossa liberdade, a supremacia
das fake news, as previsões apocalípticas, o STF, a agenda 2030, nunca o Brasil
foi tão invasivo e tão autoritário”. Tive que respirar fundo e abrir espaço
mental para dar uma resposta à altura, sem desconstruir a visão dele, mas ao
mesmo tempo sem lhe dar razão. Foi a operação estratégica mais difícil de toda
a minha vida. Até o meu silêncio para pensar parecia inadequado. Tive que
visitar, velozmente, vários aspectos conceituais que me ajudassem a perder a
cara de surpreso, para apresentar algum argumento convincente. Eu não queria
parecer negacionista diante da intenção dele de morrer, pois a gente nunca sabe
quem já morreu e continua andando por aí. Tudo o que pude murmurar foi perguntar
sobre qual o melhor país para se viver, no que ele respondeu: “um planeta onde
a gente possa amar a todos sem ser estimulado à intolerância, onde ninguém fume
a própria raiva nem ouça música degradante, onde os estudantes saibam pensar, onde
a vida seja o bem maior comum”, ao que respondi “isso tem cara de infância!”. A
cerveja saideira selou nossa conversa.
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