Hoje combatemos em
público e nos outros o que um dia nos serviu de salvação. Somos contraditórios,
incongruentes, injustos, volúveis. Gostamos de defender o abstrato, as imagens
de nós que tentamos projetar no mundo. Sabemos que ninguém é totalmente o que
aparenta ser e por isso permitimos o teatro, a farsa, o jogo, os testes, a
mágica. Ao cansarmos de um certo público, passamos a desconstruir pessoas e
expectativas sobre elas, planos e sonhos, crenças e valores. Como não
suportamos o vazio criado, precisamos preenchê-lo com qualquer coisa que nos
reanime e nos faça sentir bons, especiais, úteis, espertos, pois não há tempo a
perder. O tempo passa, o tempo muda, mudamos nós também, sem ao menos perceber
que, inconscientemente, cumprimos os personagens que nos couberam na
representação coletiva da vida humana, onde todos estamos interligados por
propósitos invisíveis de algo que não sabemos ainda desconstruir. Se
soubéssemos, o faria.
sexta-feira, 29 de julho de 2016
terça-feira, 26 de julho de 2016
VIDA CURTA
Se a experiência humana
possui vida curta aqui na Terra, seria sábio e prudente que fizéssemos escolhas
melhores e mais saudáveis para optimizar e acelerar nosso aprendizado de amor e
felicidade. Como optamos por escolhas inconsequentes e ilusórias, optimizamos o
aprendizado de sofrimento e separação. Desta forma, no mesmo espaço planetário
há pessoas amorosas e há pessoas violentas, pessoas felizes e pessoas geradoras
de sofrimento. O encerramento ou interrupção da vida de alguém não depende
unicamente do que ela estiver fazendo ou pensando, afinal a própria vida não
nos pertence. Médicos também adoecem, psicólogos também sofrem com
relacionamentos pessoais, atletas paraplégicos também conquistam vitórias e
medalhas paraolímpicas. O fim da vida não é uma fatalidade, é um fato programado até que se consuma. O que faz
a morte parecer fatalidade é a escolha que fazemos em relação aos conteúdos
abstratos com que nos alimentamos.
domingo, 24 de julho de 2016
BUSCA
Buscamos fora o que está
dentro. Buscamos dentro o que está fora. Neste desencontro da lucidez ficamos
com o subproduto que é o desânimo. Buscar fora o que é de fora. Buscar dentro o
que é de dentro. Compreender as fronteiras que os separam. Ter olhos para
localizar o que não se mostra em detalhes. Ser capaz de digerir as buscas e de
adormecer na espera. Saber o sabor dos encontros e desencontros. Descobrir o
valor de se estar só para revelar as maiores descobertas. Laçar as respostas
com o chicote do entendimento. Possuir a luz das respostas antes que elas se
transmutem em novas perguntas. Levantar e observar tudo.
sexta-feira, 22 de julho de 2016
AS FORTUNAS
As fortunas acontecem
dentro do mercado, seguindo ou quebrando paradigmas, transformando crises em
oportunidades, ocupando espaços livres onde a maioria não vê que existem,
abrindo-se ao aprendizado e aperfeiçoamento das técnicas de negociação e
alimentando certa ambição positiva com coragem e perseverança. Se tempo e
dinheiro são energias abstratas representadas em códigos e doses várias,
construirá maiores fortunas quem colocar mais tempo, mais energia e mais
dinheiro para circular através de negociações. Ao estimular pessoas e clientes
a efetuar mais trocas de bens materiais, você estará fomentando a própria
fortuna com sua presença positiva e visionária.
quarta-feira, 20 de julho de 2016
PESSOAS E PEÇONHAS
Pessoas convivem com
estranhos e conhecidos. Ora precisam se resguardar, ora se sentem confiantes e
se mostram transparentes em nome da própria crença. Pessoas convivem com
autoridades e subalternos. Ora demonstram medo, ora atacam a quem lhes
desrespeita os direitos ou invade sua privacidade e liberdade. Pessoas convivem
com sábios e ignorantes. Ora trocam ideias, ora expressam opiniões de forma
agressiva e surda. A expectativa é o elemento comum que direciona as escolhas
das pessoas na hora de conviver com estranhos, conhecidos, autoridades,
subalternos, sábios e ignorantes. Nela são definidos rumos e destinos.
terça-feira, 19 de julho de 2016
MIMOS
As vezes é preciso
descobrir que alguém mais está vivenciando a mesma dor que nos acomete. Pode
ser uma dor física, emocional ou existencial, não importa, mas conta o fato de
não sermos o único sofredor, diminui a sensação de injustiça, nos consola saber
que não estamos sozinhos naquele calvário. Faz-nos mais fortes a ponto de
querermos comparar nossas forças de superação. Gostamos de bengalas, de apoio,
de mimo, de compaixão dos outros sobre nossas limitações como se nos
alimentássemos da força deles. Assim que cumprem a função silenciosa, voltamos
a ter juízo e desejamos que ninguém mais sofra o que sofremos. É assim que
puxamos o fio do novelo da esperança e nele tecemos uma manta para aquecer
nossa estima. Parece estranho, mas é assim que muitos de nós fazemos e não
assumimos.
domingo, 17 de julho de 2016
CALA-TE BOCA!
Há coisas que jamais
devem ser ditas. Algumas, para evitar sofrimento pessoal e alheio. Outras, para
proteger o que alguém acredita precisar de proteção. O sofrimento surge
primeiro do julgamento antecipado e discriminatório. O silêncio surge primeiro
da insegurança e depois da falta de confiança. A proteção acontece para
preservar a vida ou o status adquirido. Há coisas que jamais devem ser ditas
para não espalhar revolta, para não destruir imagens de pessoas e de
instituições. Há coisas que causam mais bem e menos problemas se não forem
ditas. Há coisas mais leves que não devem ser ditas para não estragar a
surpresa como elemento positivo. Há coisas mais pesadas que não devem ser ditas
para não ferir o orgulho e a estima de alguém que lhe ama. Ao não dizer certas
coisas, evitam-se aborrecimentos, culpas e jogos psicológicos. O que for dito poderá
sempre ser usado contra você.
sexta-feira, 15 de julho de 2016
PERDAS E DANOS
Estive perguntando a mim
mesmo qual seria o perfil das pessoas que só valorizam algo ou alguém depois
que perdem. Há que se tratar de pessoas egoístas demais para perceber os outros
ou a importância deles. Há que se tratar de pessoas que consideram outras
pessoas como objetos descartáveis. Refiro-me a pessoas incapazes de amar ou de
entrar fundo num relacionamento saudável, pessoas de pouca afetividade, fora do
prumo emocional. O egocentrismo não deixa a pessoa crescer emocionalmente, procurando
apenas por relacionamentos vantajosos onde não haja conexão amorosa nenhuma. O
egocêntrico perde tesouros valiosos e fica com os danos todos para si ao viver
apenas na superfície da vida.
quinta-feira, 14 de julho de 2016
CHARME
Ser charmoso é mais do
que ser bonito ou agradável espontaneamente. O charme pessoal inclui um estado
interior de positividade diante da vida, um cuidado esmerado com o próprio
corpo, a exposição de sorrisos constantes e o carinho para com todos sem
nenhuma discriminação ou julgamento. O charmoso é uma pessoa bonita por dentro,
aberta ao diferente, de prontidão para transformar cada encontro em prazer ou
alegria. A pessoa verdadeiramente charmosa não está preocupada em seduzir o
mundo, ela já se seduziu e revela isso a todos por estar tão bem consigo mesma.
Os charmosos são necessários ao mundo para nos ensinar a conviver melhor com o
que somos, sem depender da aprovação dos outros.
segunda-feira, 11 de julho de 2016
OS OUTROS
Entre reis e plebeus,
empregadores e empregados, ricos e pobres, gênios e imbecis, exploradores e
explorados, permanece a realidade inegável da dualidade, como forma de
expressão da diversidade existente em nossa espécie. Vemos o mundo da maneira
mais míope possível, nós e os outros, nós contra os outros, nós sem os outros.
Entre nós existem os que querem paz, mas também existem os que querem guerra,
os que querem amor e os que querem violência, os que querem acumular riqueza
material e os que abrem mão dela, os que pensam por si e os que se deixam
dominar por pensamentos rígidos de outras pessoas. Nossa miopia faz parte da
dualidade e a sustenta, quando nossos dois olhos – o da razão e o da emoção –
olham simultaneamente para dois extremos do infinito. Como se pode notar, cada
dualidade gera mais dualidades. Há muito mais para se ver do que os olhos
físicos possam alcançar, mas somente acima ou fora da dualidade, no espaço onde
não há o conceito de “outros”.
quinta-feira, 7 de julho de 2016
A ILUSÃO DA SABEDORIA
Os mais velhos insistem
em afirmar que a sabedoria vem com a idade. Não é bem assim. Até mesmo a
experiência pode ou não vir com a idade, pois ela não é disponível a todos.
Pode-se fazer melhores escolhas quando se fica mais velho, ou seja, mudar
prioridades ao deixar de lado coisas irrelevantes e preocupações desnecessárias
para a idade. Isso não é sabedoria, é consequência das limitações do
envelhecimento. Por isso nem todos os idosos são sábios. Com menos objetivos no
horizonte haverá menos desgaste mental e emocional e isso irá de encontro à
redução de energia física e a mudanças do metabolismo do corpo. Sabedoria é um
olhar isento de medos, pleno de presença, vazio de cobranças ou desejos e que
se alimenta de lucidez. Pode acontecer em qualquer fase da vida.
sexta-feira, 1 de julho de 2016
LUGARES PÚBLICOS
O espaço público é de
todos, mas nem todos o sabem compartilhar em estados de boa convivência.
Folgados ou provocadores, exibicionistas ou malas, revoltados ou abusados,
imaturos ou carentes de atenção, estes grupos de pessoas se encarrega de
atrapalhar a experiência agradável dos outros ou de destruir o patrimônio
público em defesa plena e absoluta da ignorância. O espaço público é um
laboratório de convivência humana onde se praticam a inteligência espacial, a
gentileza, a colaboração consciente, a comunicação isenta de egos ruidosos, o
respeito e o até mesmo o silêncio quando se fizer necessário. Ao frequentar
espaços públicos temos uma amostra real de quem é consciente e de como as
pessoas presentes foram educadas, de como se comportam na própria casa ao
demonstrar valores adquiridos ou perdidos. Não tem jeito de esconder.
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