Já segurei uma cobra
gelada no Instituto Butantã em São Paulo. Já comi carne de cobra em restaurante
e gostei. Já acampei ao lado de centenas de cascavéis, sem saber, numa
cachoeira chamada Canteiros. Já encontrei um ninho de cobras com mais de
cinquenta filhotinhos e só parei de contá-los quando me dei conta de que a mãe
deles poderia estar por perto e ser bastante ciumenta. Já pisei numa cobra
enrolada que dormia um sono profundo e saí correndo feito flecha, descalço,
pisando em pedras pontiagudas do local. Já nadei nas cachoeiras de Furnas,
quando certa vez uma cobra d’água viva passou por mim, deu uma volta em meu
pescoço e prosseguiu nas corredeiras antes que eu pudesse esboçar qualquer
reação. Já fiquei imóvel perto de um bambuzal, numa roça, esperando que uma
cobra se afastasse dos meus pés sem se incomodar com minha presença urbana. Só
hoje me dei conta da longa estória de vida e de sustos com o mundo das cobras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário