terça-feira, 29 de março de 2016

O PODER É UMA FORÇA EM MOVIMENTO (1)


Um governo pode induzir seu povo ao erro. A isto chamamos de Propaganda Política. A mídia pode induzir um povo ao erro. A isto chamamos de Marketing Político. As empresas podem induzir um povo ao erro. A isto chamamos de Consumismo. Todos eles têm em comum o fato de conhecerem a fragilidade intelectual das massas. Da mesma forma, o povo pode induzir as Instituições ao erro. A isto chamamos de Pressão Política dentro do sistema democrático. A história da Humanidade é feita mais de erros do que de acertos, por isso dizemos que a história se repete na tentativa de acertar da próxima vez. No meio de tudo isso, trava-se uma batalha silenciosa e constante entre a informação e a desinformação. Pode mais quem tem a força do poder momentâneo em suas mãos, associada a alguma credibilidade.


segunda-feira, 28 de março de 2016

SOBREVIVENTES


Os sobreviventes de catástrofes naturais e violências sociais, políticas, matrimoniais e enfermidades trazem consigo para o resto de sua vida as marcas doloridas do que lhes aconteceu, mesmo assim permanecem resilientes e compartilham suas experiências para que outros não tenham que passar pelo mesmo sofrimento. São eles os seres fortes, as pessoas que abdicaram da submissão e reergueram suas vidas com coragem, os indivíduos que saíram da condição de vítima e lançaram um olhar coletivo de superação e conscientização. Sobreviver é dar a si mesmo uma sobrevida, é despojar-se do que teve um dia para fazer valer o que se é com integridade e altivez. Sobreviver é dar-se ao mundo com esperança nos olhos e na alma.


domingo, 27 de março de 2016

FELIZ PÁSCOA


A Páscoa nada mais é do que uma metáfora de nossa saída do sofrimento para a libertação de nossa mente. Seria como se nós mesmos nós traíssemos, nós mesmos nos entregássemos ao julgamento dos outros, nós mesmos colocássemos a cruz em nossos ombros, nós mesmos nos déssemos chicotadas, nós mesmos nos puníssemos e depois de tanto sofrimento, cansados do que criamos em nossa mente, resolvêssemos transcender tudo isso ao abrir mão de nossas projeções ilusórias. A Páscoa é representada mundialmente por um ovo e ovo significa todas as possibilidades encerradas em um invólucro, prontas para serem fecundadas em uma identidade única chamada vida eterna.


Feliz Páscoa a todos os leitores e seguidores deste blog.

sábado, 26 de março de 2016

SUPERAR É RESSUSCITAR


REFLEXÃO SOBRE DERROTAS E FRUSTRAÇÕES

O que nasceu em mim depois do ocorrido que tanto me abalou? O que nasceu em mim além da derrota, do sentimento de perda ou abandono, além da frustração por ter esperado tanto de alguém ou por ter transferido a outros a geração da minha alegria? O que brotou em mim depois que o sonho acabou e fiquei anesteasiado com a verdade de que nem tudo acontece exatamente como eu espero, mereço ou acredito? O que nasceu em mim quando eu saí de mim e me encontrei com a experiência do nós, do coletivo, da egrégora formada a partir de um evento? O que nasceu em mim quando eu tive que sair do coletivo ou do relacionamento e só sobraram emoções confusas pedindo para desfazer o ocorrido dentro de minha realidade inegável?


O que nasce em nós depois de uma decepção é sempre a oportunidade de reflexão. Não adianta dizer logo “levanta, sacode a poeira e dá volta por cima”, isso é fuga, é desperdício da oportunidade de reflexão sobre o que deve ser mudado agora que o pano caiu, sobre o compromisso de corrigir os rumos anteriores para nunca mais repetirmos o engano. O que nasce em nós depois da frustração é uma oportunidade de abrirmos os olhos e revelarmos ou denunciarmos, via investigação mais apurada, quem são os lobos e quem são os cordeiros, quem são os submissos e quem são os pró-ativos, quem são os enganadores e quem são os enganados. Nasce a oportunidade de retirarmos nosso voto de confiança em quem não nos respeita mais, não nos ama mais, não nos representa mais. Nasce a oportunidade real de compreendermos que o ser humano nunca será perfeito e por isso mesmo precisamos orar e vigiar a todo instante para saber onde está Deus e onde está o Demônio Enganador, onde está o bem e onde está o mal e o egoísmo. Nasce em nós o outro sem máscaras, o outro sem ilusões, o outro sem promessas vãs, o outro sem retoques por conveniência, o outro sem agendas ocultas, o outro sem cinismo ou deboche de nossa inocência. Nasce em nós a lucidez de trocar números manipulados dos outros pela nossa experiência pessoal e pelos fatos investigados, de trocar nossas carências mal atendidas e expectativas irreais por um novo projeto de consciência pessoal e coletiva, nasce a consciência de que tudo passa e enquanto ficamos por aqui precisamos fazer o nosso melhor e promover o bem e o amor. Como é importante a derrota se soubermos refletir sobre ela.

Afinal, superar é RESSUSCITAR.

sexta-feira, 25 de março de 2016

AMOR NAS RUAS (2)


Hoje não li nada sobre como seria encontrar amor nas ruas. Parei para pensar e comecei a escrever meu ideal de uma sociedade civilizada e mais humanitária. Em vez de pessoas digitando mensagens nos celulares, feito zumbis, teríamos pessoas olhando atentas para os mais necessitados, prontas para auxiliá-los, como se houvesse uma mensagem no coração delas dizendo “se você encontrar algum destituído, ele é seu, chegou a sua hora de ajudar”. Aos motoristas apressados nas ruas das metrópoles, bem que poderiam distribuir gentilezas para ganhar pontos positivos nas carteiras. Nas passarelas da moda, concursos de beleza angelical e pontuação por atos de caridade, para todas as idades. Nas escolas, os alunos aprenderiam otimismo, entusiasmo, respeito, colaboração, amor e como gerar paz em laboratórios e oficinas. Nenhum país do planeta que seguiu por este caminho conseguiu ter pessoas infelizes.


ÓDIO NAS RUAS (1)


Hoje li o comentário de um amigo querido sobre haver muito ódio nas ruas brasileiras. Parei para pensar quando foi que tudo isso começou. Penso que foi por uma boa causa, a busca da tal da justiça social, mas de boas intenções o inferno anda cheio. Não existe nada de errado em dividir o bolo, em dar assistência aos mais necessitados, em incluir os excluídos, desde que estas mudanças venham acompanhadas de educação e conscientização.

Em algum momento o caminho certo foi contaminado por ideias erradas de divisão, de luta de classes, de “nós contra eles”, de confrontos e invasões, de dossiês e acusações falsos, exercitando o comando “tomar de quem tem”. O resultado é o ódio atual, subproduto da politização sem educação e sem conscientização, onde se toma o dinheiro público para uso pessoal, se toma o poder da república para transformá-lo sem autorização pública em modelos radicais de esquerda, se toma do povo a esperança de um futuro inteligente, se tomam os valores humanos por cartilhas invasoras de agressões contra o próprio povo brasileiro, se toma a soberania de uma Nação, se tomam vidas inocentes pela violência urbana, se tomam os veículos midiáticos pela manipulação de informação, se toma a produção de riquezas através da criação de mais impostos e desvios financeiros, se toma o símbolo nacional que representa nossa unidade por gestos que rasgam o tecido social. Nenhum país do planeta que seguiu por este caminho está bem na fita. A liberdade só é valorizada depois que se a perde. Se alguém pensa que dividindo, tocando fogo, invadindo, matando, se constrói algo melhor, está redonda e doentiamente divorciado do amor.


quinta-feira, 24 de março de 2016

SOLIDÃO (8)


Integrados ao mundo, com um olhar amoroso, as pessoas convivem melhor com o vazio, pois aprenderam a preenchê-lo quando e como quiserem. Esta tranquilidade interior abre conexão com os próprios talentos e qualidades pessoais em busca de autoexpressão. Desta forma, elas se sentem confortáveis com os movimentos emocionais e mentais sem fazer drama, elas se aceitam como são e se encarregam de acrescentar algo valioso aos seus processos de crescimento. Conviver consigo vira deleite, estima elevada,vira produção, alegria de viver e de explorar as novidades do mundo interior como o fazemos nas viagens pelo mundo. Solitude é isso, esta viagem onde solidão não coube na mala.


quarta-feira, 23 de março de 2016

SOLIDÃO (7)


Sem o isolamento, rotas de fuga de si seriam criadas para inibir o crescimento pessoal, distorcendo a realidade e vivendo de maneira incompleta e infeliz. Sem o isolamento, a vulgaridade abraçaria a insignificância e levariam o Ser para o conformismo da autoanulação. Portanto, a função principal da solidão é criar um retorno à casa do próprio Ser e pelo vazio interior repovoar-se com coisas, relações e escolhas que realmente valham a pena. A pessoa mais consciente faz escolhas mais saudáveis e cuida melhor da vida como um presente especial que nos foi dado pelo Criador. A pessoa mais consciente não se sente sozinha por dentro porque soube sair de si para abraçar o mundo com fraternidade e amor.


terça-feira, 22 de março de 2016

SOLIDÃO (6)


O núcleo familiar passa por testes constantes para reforçar ou romper laços que une seus integrantes. Diante de tantos fatores de desagregação, se não houver raízes de uma identidade forte em cada elemento, ela sucumbirá ao isolamento de alguns deles, ora por desamor, ora por egoísmo, ora por percepções erradas de leitura dos sentimentos de cada um. Faltando afetividade e respeito pela dignidade da própria humanidade, o Ser se diminuirá e desprezará quem não lhe convier. Aquilo que nos falta não pode mais ser dado por nós ao mundo. A família é o espaço onde começam as coisas erradas que há no mundo.




segunda-feira, 21 de março de 2016

SOLIDÃO (5)


Antes que a reconexão com o mundo exterior se faça, é preciso curar a solidão, é necessário sentir uma urgência de se ver inteiro, com dignidade e direito potencial à vida. Nesta fase a solidão segue um caminho de começar a se sentir boa companhia para si mesmo, ao se desapegar de limitações impostas pelo medo, restabelecendo conexão com as artes ou com a beleza, contemplando objetos e pessoas, recuperando assim a possibilidade de visitar a história de vida das outras pessoas. A valorização da afetividade abre portas para sair do isolamento.


domingo, 20 de março de 2016

SOLIDÃO (4)


Sentir-se estranho num ambiente é sinal de má adequação ou má adaptação, mas pode ser também o alerta interior de que a solidão bate à porta de si para reformular alguma coisa. Se houver medo intenso de se expor ou de ser descoberto pelos outros, haverá uma inclinação ao isolamento social com mil desculpas para justificá-lo. Com o tempo, chegará a consciência da necessidade de concluir ou encerrar a dor de uma experiência negativa, antes de chegar a consciência de que vida é relacionamento e precisamos nos reconectar para nos sentir vivos e amados.


sábado, 19 de março de 2016

SOLIDÃO (3)


Ninguém vai olhar para trás, um dia, e sentir saudades do tempo enorme que passou digitando mensagens no smartphone e na internet. Quando chegar a hora de olhar para o seu passado, vai encontrar um vazio imensurável, sem memórias, sem ligações afetivas, sem prazer, sem lições de crescimento, sem autoconhecimento. Este vazio será imediatamente traduzido em solidão pelo vazio existencial. O mundo terá desaprendido elementos vitais para uma vida emocional mais saudável. Cabe aos pais e cônjuges compartilhar esta consciência agora, enquanto ainda houver tempo.


sexta-feira, 18 de março de 2016

SOLIDÃO (2)


Há dois tipos de solidão: a interna e a externa. Solidão interna é quando nos sentimos sem amor, sem capacidade de despertar a esperança no mundo e na nossa realidade, excluídos de nossa unidade, sem motivação para pertencer a algo ou a alguém. Solidão externa é quando somos isolados pelos outros por motivos físicos, econômicos, sociais, culturais, de saúde, de injustiças, por idade, por doenças ou por algo que fizemos e fomos julgados. Na primeira, a gente se isola. Na segunda, somos isolados. Na primeira, a gente se afasta da família e fica com o mundo. Na segunda, o mundo e a família nos excluem por um período de tempo.

quinta-feira, 17 de março de 2016

SOLIDÃO (1)

                                       SOLIDÃO E MENSAGEM


A solidão é uma experiência humana inevitável, mas as suas causas ainda estão sob controle das pessoas. Do nascimento à morte ela se faz presente. Se ela é componente inerente de nossa existência, é porque ela tem seus propósitos, sua razão de ser, seu lado positivo, até ser transmutada em solitude, ato de querer estar só ao se sentir confortável na própria pele. Toda solidão tem uma mensagem de regeneração para os solitários. Nesta semana estaremos analisando aqui as implicações da solidão e nossas respostas a elas quando o mundo fecha os olhos para nós.


quarta-feira, 16 de março de 2016

ERROU DE NOVO


Nem todo mundo que expressa um erro várias vezes o faz por vontade própria ou boniteza. Eles ainda não aprenderam todas as lições daquele desafio, ainda não se conhecem bem, ainda não sabem avaliar as consequências de seus atos, ainda não amadureceram emocionalmente para entender o alcance de suas escolhas, talvez por acreditarem na ilusão e por estabelecerem um patamar elevado de expectativas, talvez por confundirem teimosia com determinação. Sendo teimosia, insistência ou burrice, um erro repetido reduz as chances de sucesso de quem o pratica. Cabe somente às pessoas envolvidas deixarem de ajudar esta pessoa errática até que o erro seja substituído por pequenos acertos notáveis.


terça-feira, 15 de março de 2016

DAR O PRIMEIRO PASSO


Sem o primeiro passo não existe caminhada. Caminhar sem rumo também não resolve nada. O primeiro passo consiste em saber o que se quer para não perder tempo nem energia. A vida se faz viva pelo caminhar. Parece algo simples e óbvio, mas é aqui onde a maioria interrompe o próprio desenvolvimento, aguardando sinalização de outras pessoas. Sem se mexer não tem como fazer acontecer algo, e sem olhar para si e para os próprios recursos não tem como se motivar. O que se quer se confunde com o que se pode e com o que se precisa. O que se quer se confunde com o que se sonha. No meio de tanta confusão, a maioria das pessoas mal dá o primeiro passo para agarrar as oportunidades existentes.


segunda-feira, 14 de março de 2016

REALOCAÇÃO


Houve um tempo em que tratamento médico não era considerado um negócio. Aos poucos surgiram os grandes laboratórios farmacêuticos que foram assumindo controle da saúde da população, cuja responsabilidade anteriormente pertencia aos governos. O povo perdeu com esta realocação de poderes. Desde então não assistimos mais à cura de qualquer doença, ao contrário, vimos o surgimento de novas enfermidades e síndromes, o aumento desnecessário dos partos por cesariana, a explosão do câncer e tratamentos violentos de quimioterapia. O lucro tomou conta da saúde. Os mais pobres, além de não terem acesso à educação, infraestrutura e bons empregos, agora tem que amargar a baixa qualidade dos serviços de saúde no Brasil.


domingo, 13 de março de 2016

FANATISMO


O palco religioso mundial nos mostra com clareza os resultados do fanatismo de grupos armados, a sua desumanidade e distanciamento do amor em defesa de ideias e conceitos estipulados por poucos para detrimento de muitos. O palco político nacional nos mostra com clareza os resultados do fanatismo de pequenos grupos armados com paus e foices, a sua desnacionalização e distanciamento do amor, em defesa de um projeto político de poder criado por pessoas de outros países que nunca nos visitaram e desconheciam nossa realidade cultural. Todo fanatismo leva ao extremismo e precisa de inocentes úteis para ser levado a cabo.


sábado, 12 de março de 2016

AONDE O CAOS NOS LEVA?


Em tempos de crise econômica apertamos os cintos, diminuindo despesas e abrindo mão de alguns serviços essenciais, lutando à nossa maneira. Em tempos de crise emocional expressamos negativismo, fazemos papel de vítimas, ofendemos pessoas erradas, lutando à nossa maneira. Em tempos de crise política discutimos até com amigos, repetimos as notícias disponíveis, abortamos pessoas fanáticas de nosso meio, lutando à nossa maneira.

Todo caos incita-nos a defender certos posicionamentos para não sofrermos mais perdas. No caos afloramos sentimentos menos nobres e ideias separatistas, espalhamos ventos de raiva e acusações que, pessoalmente, jamais poderemos comprovar. No caos tiramos tudo de seus lugares para reorganizar nossos espaços, nossas ideias e nossa vida pessoal. No caos mostramos nossas fraquezas e fortalezas, abertamente, sangrando, lutando à nossa maneira.


sexta-feira, 11 de março de 2016

ITÁLIA


Certo dia minha irmã me chamou para matar um rato no banheiro e me ofereceu uma vassoura como se fosse um fuzil. Bastou eu olhar para os olhinhos assustados daquela criatura e me lembrei de um ratinho simpático da minha infância chamado Topo Gigio. Foi o suficiente para eu tratar a criaturinha como se fosse celebridade. Não tive coragem nem necessidade de matá-lo, apenas lhe mostrei o caminho da rua e ele se foi com o coração na boca, provavelmente sem entender nada como a minha irmã também. Alguns minutos depois lá estava eu recordando os sucessos musicais de Rita Pavone na minha infância, uma cantora italiana com cara de menina que se vestia apenas com macacões de suspensórios masculinos. Foi uma tarde atipicamente italiana.


quinta-feira, 10 de março de 2016

DERIVA


Você sabe que passou do ponto ou foi longe demais quando começou a desrespeitar o próprio corpo, a própria vida; quando começou a violar seus princípios ou código moral; quando começou a ignorar suas crenças espirituais; quando começou a confrontar a lei instituída para o convívio social e saudável de todos. Você sabe que foi longe demais quando se viu fazendo algo que nunca teria pensado ou planejado fazer; quando o vício foi maior do que a sua consciência de fazer a coisa certa; quando começou a se isolar emocionalmente das pessoas que o amam ou a agredi-los. Você sabe que foi longe demais quando viu que seu comportamento está à deriva em alto mar.


quarta-feira, 9 de março de 2016

HABEAS CORPUS


Certa vez eu estava acampando nas cachoeiras da cidade mineira de Delfinópolis com alguns amigos paulistas. Houve um momento em que voltei sozinho para a barraca para buscar algo que tinha esquecido. Foi um susto estranho ver uma centena de formigas saúvas literalmente comendo o plástico azul da barraca, juntamente com um pacote de açúcar que um de nossos amigos havia deixado aberto. Fui tomado por uma sensação raivosa, segui o caminho das formigas felizes e apressadas e, quando encontrei a boca do formigueiro, joguei álcool e toquei fogo. Nunca tinha cometido um ato tão cruel na minha vida, logo eu que me achava um jovem consciente e amava a natureza; atitude da qual me envergonho e me arrependo até hoje. Já perdi perdão ao Criador e, como punição, protegi formigas de alguns sapatos desavisados, já alimentei um formigueiro com açúcar, mas não adiantou. Crime de consciência não tem habeas corpus.


terça-feira, 8 de março de 2016

COBRAS E SERPENTES


Já segurei uma cobra gelada no Instituto Butantã em São Paulo. Já comi carne de cobra em restaurante e gostei. Já acampei ao lado de centenas de cascavéis, sem saber, numa cachoeira chamada Canteiros. Já encontrei um ninho de cobras com mais de cinquenta filhotinhos e só parei de contá-los quando me dei conta de que a mãe deles poderia estar por perto e ser bastante ciumenta. Já pisei numa cobra enrolada que dormia um sono profundo e saí correndo feito flecha, descalço, pisando em pedras pontiagudas do local. Já nadei nas cachoeiras de Furnas, quando certa vez uma cobra d’água viva passou por mim, deu uma volta em meu pescoço e prosseguiu nas corredeiras antes que eu pudesse esboçar qualquer reação. Já fiquei imóvel perto de um bambuzal, numa roça, esperando que uma cobra se afastasse dos meus pés sem se incomodar com minha presença urbana. Só hoje me dei conta da longa estória de vida e de sustos com o mundo das cobras.


segunda-feira, 7 de março de 2016

POLIGLOTA (8)


Portanto, quem fala mais de um idioma, além de trazer mais qualidade de vida para os seus relacionamentos pessoais, escapa das armadilhas de manipulação dos outros com mais desenvoltura, não se deixando enganar com facilidade, além de construir um futuro mais satisfatório e rico de possibilidades novas. Ao acessar a leitura de material em outros idiomas, ela alcança maior excelência em seus trabalhos de escola e em sua atividade comercial, entende as músicas estrangeiras que ouve e gosta, sabe das notícias globais com mais detalhes e passa a dominar uma visão panorâmica em tudo o que percebe e faz na vida.


domingo, 6 de março de 2016

POLIGLOTA (7)


Quem fala mais de um idioma aprende o significado das palavras ditas e não ditas num determinado diálogo. Abrir-se para outro idioma implica em decifrar as intenções, as leituras silenciosas do corpo, a leitura de mensagens ocultas, as dificuldades emocionais de alguém e até a identificar as palavras negativas e limitantes das outras pessoas, refraseando-as imediatamente para ajudá-las no entendimento. Mais importante do que aperfeiçoar a leitura da realidade exposta, é adquirir habilidades de liderança estratégica eficiente com o acúmulo de aprendizagem de idiomas.



sábado, 5 de março de 2016

POLIGLOTA (6)


Refrasear palavras é trocar uma carroça por um avião. Chega-se mais rápido ao objetivo. A palavra “mas” indica a presença de obstáculos, de dificuldades em solucionar algo, a presença de medos ou de insegurança, a existência momentânea de falta de autoridade em pedir ajuda ou delegar tarefas a alguém envolvido na mesma situação de conflitos; ela por si mesma gera mais e mais conflitos, fazendo a pessoa patinar ou escorregar. As palavras “e” ou “e também” permitem enxergar dualidades que podem ser vistas como sendo complementares, duas faces da mesma moeda, portanto duas possibilidades amigas sugerindo organização pessoal para criar tempo de realizar as duas coisas. Refrasear é criar laços de amizade entre ideias antagônicas onde antes havia conflito.


sexta-feira, 4 de março de 2016

POLIGLOTA (5)


Refrasear inteligententemente é o ato de trocar palavras limitantes por palavras libertadoras e inclusivas, reforçando o poder pessoal de fazer acontecer o que se almeja. A palavra “não” é limitante, provoca contração na iniciativa, atrai e cede lugar aos medos, inibe a espontaneidade e afasta pessoas queridas. A palavra “sim” é expansiva, autoriza a chegada de novas experiências, desperta a responsabilidade que se tem com o próprio destino ao ir de encontro com a própria personalidade. Há quem diga sim à vida e há quem diga não, duas palavrinhas poderosas, uma para brilhar e outra para impedir.




quinta-feira, 3 de março de 2016

POLIGLOTA (4)


Quem repete frases com muita frequência, adota comportamento padronizado e limita as escolhas pessoais, sem se dar conta de que se fechou no quarto escuro da rotina, por isso não consegue solucionar os problemas e desafios nem enxergar portas de saída. Tal qual o mosquito que tenta insistentemente atravessar o vidro da janela fechada, exatamente por não aceitar os ventos da mudança que passam pela porta aberta ao lado da janela. Todo lugar que tem uma janela fechada, tem também uma porta que pode ser aberta. Se o prego já entrou o que podia na madeira, não faz sentido nenhum continuar martelando-o.



quarta-feira, 2 de março de 2016

POLIGLOTA (3)


A pessoa que fala mais de um idioma e domina a arte de refrasear, consegue evitar conflitos desnecessários criados pelas palavras erradas, tornando-se senhora do próprio destino ao aprender a incluir os polos contraditórios num único contexto de possibilidades. Tal aprendizado se torna um celeiro de estratégias, ampliando sua capacidade visionária na hora de ajudar outras pessoas, mais limitadas ou sedentas por adquirir conhecimentos gerais de sobrevivência, a se darem melhor na vida. Elas se tornam mestres, amigos, conselheiros, parceiros, grupo de apoio, instrutores e estrategistas. Falar apenas um idioma é ver a vida do chão, limitando sua grandeza, a qual poderia ser muito maior do que já é. Falar mais de um idioma é ver a vida de cima de um prédio, antevendo com mais precisão o que vai acontecer.


terça-feira, 1 de março de 2016

POLIGLOTA (2)


Sem perceber, a pessoa que fala mais de um idioma está redesenhando as palavras e adquirindo novas formas de pensar. Ela se engaja num processo de libertação de padrões estabelecidos por seu núcleo familiar ou pela comunidade onde vive, tomando mais iniciativa e abraçando com mais prazer a sua individualidade, o que gera segurança para se arriscar mais na vida e para correr atrás de seus propósitos com maior determinação. Ela compreende melhor as determinantes de uma realidade específica e evita cair em jogos de malandragem de outras pessoas, diferenciando com maestria os lobos e os cordeiros.