Um governo pode induzir
seu povo ao erro. A isto chamamos de Propaganda Política. A mídia pode induzir
um povo ao erro. A isto chamamos de Marketing Político. As empresas podem
induzir um povo ao erro. A isto chamamos de Consumismo. Todos eles têm em comum
o fato de conhecerem a fragilidade intelectual das massas. Da mesma forma, o
povo pode induzir as Instituições ao erro. A isto chamamos de Pressão Política
dentro do sistema democrático. A história da Humanidade é feita mais de erros
do que de acertos, por isso dizemos que a história se repete na tentativa de
acertar da próxima vez. No meio de tudo isso, trava-se uma batalha silenciosa e
constante entre a informação e a desinformação. Pode mais quem tem a força do
poder momentâneo em suas mãos, associada a alguma credibilidade.
terça-feira, 29 de março de 2016
segunda-feira, 28 de março de 2016
SOBREVIVENTES
Os sobreviventes de
catástrofes naturais e violências sociais, políticas, matrimoniais e
enfermidades trazem consigo para o resto de sua vida as marcas doloridas do que
lhes aconteceu, mesmo assim permanecem resilientes e compartilham suas
experiências para que outros não tenham que passar pelo mesmo sofrimento. São
eles os seres fortes, as pessoas que abdicaram da submissão e reergueram suas
vidas com coragem, os indivíduos que saíram da condição de vítima e lançaram um
olhar coletivo de superação e conscientização. Sobreviver é dar a si mesmo uma
sobrevida, é despojar-se do que teve um dia para fazer valer o que se é com
integridade e altivez. Sobreviver é dar-se ao mundo com esperança nos olhos e
na alma.
domingo, 27 de março de 2016
FELIZ PÁSCOA
A Páscoa nada mais é do
que uma metáfora de nossa saída do sofrimento para a libertação de nossa mente.
Seria como se nós mesmos nós traíssemos, nós mesmos nos entregássemos ao
julgamento dos outros, nós mesmos colocássemos a cruz em nossos ombros, nós
mesmos nos déssemos chicotadas, nós mesmos nos puníssemos e depois de tanto
sofrimento, cansados do que criamos em nossa mente, resolvêssemos transcender
tudo isso ao abrir mão de nossas projeções ilusórias. A Páscoa é representada
mundialmente por um ovo e ovo significa todas as possibilidades encerradas em
um invólucro, prontas para serem fecundadas em uma identidade única chamada
vida eterna.
Feliz Páscoa a todos os
leitores e seguidores deste blog.
sábado, 26 de março de 2016
SUPERAR É RESSUSCITAR
REFLEXÃO SOBRE DERROTAS E
FRUSTRAÇÕES
O que nasceu em mim depois
do ocorrido que tanto me abalou? O que nasceu em mim além da derrota, do
sentimento de perda ou abandono, além da frustração por ter esperado tanto de
alguém ou por ter transferido a outros a geração da minha alegria? O que brotou
em mim depois que o sonho acabou e fiquei anesteasiado com a verdade de que nem
tudo acontece exatamente como eu espero, mereço ou acredito? O que nasceu em
mim quando eu saí de mim e me encontrei com a experiência do nós, do coletivo,
da egrégora formada a partir de um evento? O que nasceu em mim quando eu tive
que sair do coletivo ou do relacionamento e só sobraram emoções confusas
pedindo para desfazer o ocorrido dentro de minha realidade inegável?
O que nasce em nós depois
de uma decepção é sempre a oportunidade de reflexão. Não adianta dizer logo
“levanta, sacode a poeira e dá volta por cima”, isso é fuga, é desperdício da
oportunidade de reflexão sobre o que deve ser mudado agora que o pano caiu,
sobre o compromisso de corrigir os rumos anteriores para nunca mais repetirmos
o engano. O que nasce em nós depois da frustração é uma oportunidade de
abrirmos os olhos e revelarmos ou denunciarmos, via investigação mais apurada,
quem são os lobos e quem são os cordeiros, quem são os submissos e quem são os
pró-ativos, quem são os enganadores e quem são os enganados. Nasce a
oportunidade de retirarmos nosso voto de confiança em quem não nos respeita
mais, não nos ama mais, não nos representa mais. Nasce a oportunidade real de
compreendermos que o ser humano nunca será perfeito e por isso mesmo precisamos
orar e vigiar a todo instante para saber onde está Deus e onde está o Demônio
Enganador, onde está o bem e onde está o mal e o egoísmo. Nasce em nós o outro
sem máscaras, o outro sem ilusões, o outro sem promessas vãs, o outro sem
retoques por conveniência, o outro sem agendas ocultas, o outro sem cinismo ou
deboche de nossa inocência. Nasce em nós a lucidez de trocar números
manipulados dos outros pela nossa experiência pessoal e pelos fatos
investigados, de trocar nossas carências mal atendidas e expectativas irreais
por um novo projeto de consciência pessoal e coletiva, nasce a consciência de
que tudo passa e enquanto ficamos por aqui precisamos fazer o nosso melhor e
promover o bem e o amor. Como é importante a derrota se soubermos refletir
sobre ela.
Afinal, superar é
RESSUSCITAR.
sexta-feira, 25 de março de 2016
AMOR NAS RUAS (2)
Hoje não li nada sobre
como seria encontrar amor nas ruas. Parei para pensar e comecei a escrever meu
ideal de uma sociedade civilizada e mais humanitária. Em vez de pessoas
digitando mensagens nos celulares, feito zumbis, teríamos pessoas olhando
atentas para os mais necessitados, prontas para auxiliá-los, como se houvesse
uma mensagem no coração delas dizendo “se você encontrar algum destituído, ele
é seu, chegou a sua hora de ajudar”. Aos motoristas apressados nas ruas das
metrópoles, bem que poderiam distribuir gentilezas para ganhar pontos positivos
nas carteiras. Nas passarelas da moda, concursos de beleza angelical e
pontuação por atos de caridade, para todas as idades. Nas escolas, os alunos
aprenderiam otimismo, entusiasmo, respeito, colaboração, amor e como gerar paz
em laboratórios e oficinas. Nenhum país do planeta que seguiu por este caminho
conseguiu ter pessoas infelizes.
ÓDIO NAS RUAS (1)
Hoje li o comentário de
um amigo querido sobre haver muito ódio nas ruas brasileiras. Parei para pensar
quando foi que tudo isso começou. Penso que foi por uma boa causa, a busca da
tal da justiça social, mas de boas intenções o inferno anda cheio. Não existe
nada de errado em dividir o bolo, em dar assistência aos mais necessitados, em
incluir os excluídos, desde que estas mudanças venham acompanhadas de educação
e conscientização.
Em algum momento o
caminho certo foi contaminado por ideias erradas de divisão, de luta de
classes, de “nós contra eles”, de confrontos e invasões, de dossiês e acusações
falsos, exercitando o comando “tomar de quem tem”. O resultado é o ódio atual,
subproduto da politização sem educação e sem conscientização, onde se toma o
dinheiro público para uso pessoal, se toma o poder da república para
transformá-lo sem autorização pública em modelos radicais de esquerda, se toma
do povo a esperança de um futuro inteligente, se tomam os valores humanos por
cartilhas invasoras de agressões contra o próprio povo brasileiro, se toma a
soberania de uma Nação, se tomam vidas inocentes pela violência urbana, se
tomam os veículos midiáticos pela manipulação de informação, se toma a produção
de riquezas através da criação de mais impostos e desvios financeiros, se toma
o símbolo nacional que representa nossa unidade por gestos que rasgam o tecido
social. Nenhum país do planeta que seguiu por este caminho está bem na fita. A
liberdade só é valorizada depois que se a perde. Se alguém pensa que dividindo,
tocando fogo, invadindo, matando, se constrói algo melhor, está redonda e
doentiamente divorciado do amor.
quinta-feira, 24 de março de 2016
SOLIDÃO (8)
Integrados ao mundo, com
um olhar amoroso, as pessoas convivem melhor com o vazio, pois aprenderam a
preenchê-lo quando e como quiserem. Esta tranquilidade interior abre conexão
com os próprios talentos e qualidades pessoais em busca de autoexpressão. Desta
forma, elas se sentem confortáveis com os movimentos emocionais e mentais sem
fazer drama, elas se aceitam como são e se encarregam de acrescentar algo
valioso aos seus processos de crescimento. Conviver consigo vira deleite,
estima elevada,vira produção, alegria de viver e de explorar as novidades do
mundo interior como o fazemos nas viagens pelo mundo. Solitude é isso, esta
viagem onde solidão não coube na mala.
quarta-feira, 23 de março de 2016
SOLIDÃO (7)
Sem o isolamento, rotas
de fuga de si seriam criadas para inibir o crescimento pessoal, distorcendo a
realidade e vivendo de maneira incompleta e infeliz. Sem o isolamento, a
vulgaridade abraçaria a insignificância e levariam o Ser para o conformismo da
autoanulação. Portanto, a função principal da solidão é criar um retorno à casa
do próprio Ser e pelo vazio interior repovoar-se com coisas, relações e
escolhas que realmente valham a pena. A pessoa mais consciente faz escolhas
mais saudáveis e cuida melhor da vida como um presente especial que nos foi
dado pelo Criador. A pessoa mais consciente não se sente sozinha por dentro
porque soube sair de si para abraçar o mundo com fraternidade e amor.
terça-feira, 22 de março de 2016
SOLIDÃO (6)
O núcleo familiar passa
por testes constantes para reforçar ou romper laços que une seus integrantes.
Diante de tantos fatores de desagregação, se não houver raízes de uma
identidade forte em cada elemento, ela sucumbirá ao isolamento de alguns deles,
ora por desamor, ora por egoísmo, ora por percepções erradas de leitura dos
sentimentos de cada um. Faltando afetividade e respeito pela dignidade da
própria humanidade, o Ser se diminuirá e desprezará quem não lhe convier.
Aquilo que nos falta não pode mais ser dado por nós ao mundo. A família é o espaço onde começam as coisas erradas que há no mundo.
segunda-feira, 21 de março de 2016
SOLIDÃO (5)
Antes que a reconexão
com o mundo exterior se faça, é preciso curar a solidão, é necessário sentir
uma urgência de se ver inteiro, com dignidade e direito potencial à vida. Nesta
fase a solidão segue um caminho de começar a se sentir boa companhia para si
mesmo, ao se desapegar de limitações impostas pelo medo, restabelecendo conexão
com as artes ou com a beleza, contemplando objetos e pessoas, recuperando assim
a possibilidade de visitar a história de vida das outras pessoas. A valorização
da afetividade abre portas para sair do isolamento.
domingo, 20 de março de 2016
SOLIDÃO (4)
Sentir-se estranho num
ambiente é sinal de má adequação ou má adaptação, mas pode ser também o alerta
interior de que a solidão bate à porta de si para reformular alguma coisa. Se
houver medo intenso de se expor ou de ser descoberto pelos outros, haverá uma
inclinação ao isolamento social com mil desculpas para justificá-lo. Com o
tempo, chegará a consciência da necessidade de concluir ou encerrar a dor de
uma experiência negativa, antes de chegar a consciência de que vida é
relacionamento e precisamos nos reconectar para nos sentir vivos e amados.
sábado, 19 de março de 2016
SOLIDÃO (3)
Ninguém vai olhar para
trás, um dia, e sentir saudades do tempo enorme que passou digitando mensagens
no smartphone e na internet. Quando chegar a hora de olhar para o seu passado,
vai encontrar um vazio imensurável, sem memórias, sem ligações afetivas, sem
prazer, sem lições de crescimento, sem autoconhecimento. Este vazio será
imediatamente traduzido em solidão pelo vazio existencial. O mundo terá
desaprendido elementos vitais para uma vida emocional mais saudável. Cabe aos
pais e cônjuges compartilhar esta consciência agora, enquanto ainda houver
tempo.
sexta-feira, 18 de março de 2016
SOLIDÃO (2)
Há dois tipos de
solidão: a interna e a externa. Solidão interna é quando nos sentimos sem amor,
sem capacidade de despertar a esperança no mundo e na nossa realidade,
excluídos de nossa unidade, sem motivação para pertencer a algo ou a alguém.
Solidão externa é quando somos isolados pelos outros por motivos físicos,
econômicos, sociais, culturais, de saúde, de injustiças, por idade, por doenças
ou por algo que fizemos e fomos julgados. Na primeira, a gente se isola. Na
segunda, somos isolados. Na primeira, a gente se afasta da família e fica com o
mundo. Na segunda, o mundo e a família nos excluem por um período de tempo.
quinta-feira, 17 de março de 2016
SOLIDÃO (1)
SOLIDÃO E MENSAGEM
A solidão é uma
experiência humana inevitável, mas as suas causas ainda estão sob controle das
pessoas. Do nascimento à morte ela se faz presente. Se ela é componente
inerente de nossa existência, é porque ela tem seus propósitos, sua razão de
ser, seu lado positivo, até ser transmutada em solitude, ato de querer estar só
ao se sentir confortável na própria pele. Toda solidão tem uma mensagem de
regeneração para os solitários. Nesta semana estaremos analisando aqui as
implicações da solidão e nossas respostas a elas quando o mundo fecha os olhos
para nós.
quarta-feira, 16 de março de 2016
ERROU DE NOVO
Nem todo mundo que
expressa um erro várias vezes o faz por vontade própria ou boniteza. Eles ainda
não aprenderam todas as lições daquele desafio, ainda não se conhecem bem,
ainda não sabem avaliar as consequências de seus atos, ainda não amadureceram
emocionalmente para entender o alcance de suas escolhas, talvez por acreditarem
na ilusão e por estabelecerem um patamar elevado de expectativas, talvez por
confundirem teimosia com determinação. Sendo teimosia, insistência ou burrice,
um erro repetido reduz as chances de sucesso de quem o pratica. Cabe somente às
pessoas envolvidas deixarem de ajudar esta pessoa errática até que o erro seja
substituído por pequenos acertos notáveis.
terça-feira, 15 de março de 2016
DAR O PRIMEIRO PASSO
Sem o primeiro passo não
existe caminhada. Caminhar sem rumo também não resolve nada. O primeiro passo
consiste em saber o que se quer para não perder tempo nem energia. A vida se
faz viva pelo caminhar. Parece algo simples e óbvio, mas é aqui onde a maioria
interrompe o próprio desenvolvimento, aguardando sinalização de outras pessoas.
Sem se mexer não tem como fazer acontecer algo, e sem olhar para si e para os
próprios recursos não tem como se motivar. O que se quer se confunde com o que
se pode e com o que se precisa. O que se quer se confunde com o que se sonha.
No meio de tanta confusão, a maioria das pessoas mal dá o primeiro passo para
agarrar as oportunidades existentes.
segunda-feira, 14 de março de 2016
REALOCAÇÃO
Houve um tempo em que
tratamento médico não era considerado um negócio. Aos poucos surgiram os
grandes laboratórios farmacêuticos que foram assumindo controle da saúde da
população, cuja responsabilidade anteriormente pertencia aos governos. O povo
perdeu com esta realocação de poderes. Desde então não assistimos mais à cura
de qualquer doença, ao contrário, vimos o surgimento de novas enfermidades e
síndromes, o aumento desnecessário dos partos por cesariana, a explosão do
câncer e tratamentos violentos de quimioterapia. O lucro tomou conta da saúde.
Os mais pobres, além de não terem acesso à educação, infraestrutura e bons
empregos, agora tem que amargar a baixa qualidade dos serviços de saúde no
Brasil.
domingo, 13 de março de 2016
FANATISMO
O palco religioso
mundial nos mostra com clareza os resultados do fanatismo de grupos armados, a
sua desumanidade e distanciamento do amor em defesa de ideias e conceitos
estipulados por poucos para detrimento de muitos. O palco político nacional nos
mostra com clareza os resultados do fanatismo de pequenos grupos armados com
paus e foices, a sua desnacionalização e distanciamento do amor, em defesa de
um projeto político de poder criado por pessoas de outros países que nunca nos
visitaram e desconheciam nossa realidade cultural. Todo fanatismo leva ao
extremismo e precisa de inocentes úteis para ser levado a cabo.
sábado, 12 de março de 2016
AONDE O CAOS NOS LEVA?
Em tempos de crise
econômica apertamos os cintos, diminuindo despesas e abrindo mão de alguns
serviços essenciais, lutando à nossa maneira. Em tempos de crise emocional
expressamos negativismo, fazemos papel de vítimas, ofendemos pessoas erradas,
lutando à nossa maneira. Em tempos de crise política discutimos até com amigos,
repetimos as notícias disponíveis, abortamos pessoas fanáticas de nosso meio,
lutando à nossa maneira.
Todo caos incita-nos a
defender certos posicionamentos para não sofrermos mais perdas. No caos
afloramos sentimentos menos nobres e ideias separatistas, espalhamos ventos de
raiva e acusações que, pessoalmente, jamais poderemos comprovar. No caos
tiramos tudo de seus lugares para reorganizar nossos espaços, nossas ideias e
nossa vida pessoal. No caos mostramos nossas fraquezas e fortalezas,
abertamente, sangrando, lutando à nossa maneira.
sexta-feira, 11 de março de 2016
ITÁLIA
Certo dia minha irmã me
chamou para matar um rato no banheiro e me ofereceu uma vassoura como se fosse
um fuzil. Bastou eu olhar para os olhinhos assustados daquela criatura e me
lembrei de um ratinho simpático da minha infância chamado Topo Gigio. Foi o
suficiente para eu tratar a criaturinha como se fosse celebridade. Não tive
coragem nem necessidade de matá-lo, apenas lhe mostrei o caminho da rua e ele
se foi com o coração na boca, provavelmente sem entender nada como a minha irmã
também. Alguns minutos depois lá estava eu recordando os sucessos musicais de
Rita Pavone na minha infância, uma cantora italiana com cara de menina que se
vestia apenas com macacões de suspensórios masculinos. Foi uma tarde
atipicamente italiana.
quinta-feira, 10 de março de 2016
DERIVA
Você sabe que passou do
ponto ou foi longe demais quando começou a desrespeitar o próprio corpo, a
própria vida; quando começou a violar seus princípios ou código moral; quando
começou a ignorar suas crenças espirituais; quando começou a confrontar a lei
instituída para o convívio social e saudável de todos. Você sabe que foi longe
demais quando se viu fazendo algo que nunca teria pensado ou planejado fazer;
quando o vício foi maior do que a sua consciência de fazer a coisa certa;
quando começou a se isolar emocionalmente das pessoas que o amam ou a
agredi-los. Você sabe que foi longe demais quando viu que seu comportamento
está à deriva em alto mar.
quarta-feira, 9 de março de 2016
HABEAS CORPUS
Certa vez eu estava
acampando nas cachoeiras da cidade mineira de Delfinópolis com alguns amigos
paulistas. Houve um momento em que voltei sozinho para a barraca para buscar
algo que tinha esquecido. Foi um susto estranho ver uma centena de formigas
saúvas literalmente comendo o plástico azul da barraca, juntamente com um
pacote de açúcar que um de nossos amigos havia deixado aberto. Fui tomado por
uma sensação raivosa, segui o caminho das formigas felizes e apressadas e,
quando encontrei a boca do formigueiro, joguei álcool e toquei fogo. Nunca
tinha cometido um ato tão cruel na minha vida, logo eu que me achava um jovem
consciente e amava a natureza; atitude da qual me envergonho e me arrependo até
hoje. Já perdi perdão ao Criador e, como punição, protegi formigas de alguns
sapatos desavisados, já alimentei um formigueiro com açúcar, mas não adiantou.
Crime de consciência não tem habeas corpus.
terça-feira, 8 de março de 2016
COBRAS E SERPENTES
Já segurei uma cobra
gelada no Instituto Butantã em São Paulo. Já comi carne de cobra em restaurante
e gostei. Já acampei ao lado de centenas de cascavéis, sem saber, numa
cachoeira chamada Canteiros. Já encontrei um ninho de cobras com mais de
cinquenta filhotinhos e só parei de contá-los quando me dei conta de que a mãe
deles poderia estar por perto e ser bastante ciumenta. Já pisei numa cobra
enrolada que dormia um sono profundo e saí correndo feito flecha, descalço,
pisando em pedras pontiagudas do local. Já nadei nas cachoeiras de Furnas,
quando certa vez uma cobra d’água viva passou por mim, deu uma volta em meu
pescoço e prosseguiu nas corredeiras antes que eu pudesse esboçar qualquer
reação. Já fiquei imóvel perto de um bambuzal, numa roça, esperando que uma
cobra se afastasse dos meus pés sem se incomodar com minha presença urbana. Só
hoje me dei conta da longa estória de vida e de sustos com o mundo das cobras.
segunda-feira, 7 de março de 2016
POLIGLOTA (8)
Portanto, quem fala mais
de um idioma, além de trazer mais qualidade de vida para os seus
relacionamentos pessoais, escapa das armadilhas de manipulação dos outros com
mais desenvoltura, não se deixando enganar com facilidade, além de construir um
futuro mais satisfatório e rico de possibilidades novas. Ao acessar a leitura
de material em outros idiomas, ela alcança maior excelência em seus trabalhos
de escola e em sua atividade comercial, entende as músicas estrangeiras que
ouve e gosta, sabe das notícias globais com mais detalhes e passa a dominar uma
visão panorâmica em tudo o que percebe e faz na vida.
domingo, 6 de março de 2016
POLIGLOTA (7)
Quem fala mais de um
idioma aprende o significado das palavras ditas e não ditas num determinado
diálogo. Abrir-se para outro idioma implica em decifrar as intenções, as
leituras silenciosas do corpo, a leitura de mensagens ocultas, as dificuldades
emocionais de alguém e até a identificar as palavras negativas e limitantes das
outras pessoas, refraseando-as imediatamente para ajudá-las no entendimento.
Mais importante do que aperfeiçoar a leitura da realidade exposta, é adquirir
habilidades de liderança estratégica eficiente com o acúmulo de aprendizagem de
idiomas.
sábado, 5 de março de 2016
POLIGLOTA (6)
Refrasear palavras é
trocar uma carroça por um avião. Chega-se mais rápido ao objetivo. A palavra
“mas” indica a presença de obstáculos, de dificuldades em solucionar algo, a
presença de medos ou de insegurança, a existência momentânea de falta de
autoridade em pedir ajuda ou delegar tarefas a alguém envolvido na mesma
situação de conflitos; ela por si mesma gera mais e mais conflitos, fazendo a
pessoa patinar ou escorregar. As palavras “e” ou “e também” permitem enxergar
dualidades que podem ser vistas como sendo complementares, duas faces da mesma
moeda, portanto duas possibilidades amigas sugerindo organização pessoal para
criar tempo de realizar as duas coisas. Refrasear é criar laços de amizade
entre ideias antagônicas onde antes havia conflito.
sexta-feira, 4 de março de 2016
POLIGLOTA (5)
Refrasear inteligententemente é o ato de
trocar palavras limitantes por palavras libertadoras e inclusivas, reforçando o
poder pessoal de fazer acontecer o que se almeja. A palavra “não” é limitante,
provoca contração na iniciativa, atrai e cede lugar aos medos, inibe a
espontaneidade e afasta pessoas queridas. A palavra “sim” é expansiva, autoriza
a chegada de novas experiências, desperta a responsabilidade que se tem com o
próprio destino ao ir de encontro com a própria personalidade. Há quem diga sim
à vida e há quem diga não, duas palavrinhas poderosas, uma para brilhar e outra
para impedir.
quinta-feira, 3 de março de 2016
POLIGLOTA (4)
Quem repete frases com
muita frequência, adota comportamento padronizado e limita as escolhas
pessoais, sem se dar conta de que se fechou no quarto escuro da rotina, por
isso não consegue solucionar os problemas e desafios nem enxergar portas de
saída. Tal qual o mosquito que tenta insistentemente atravessar o vidro da
janela fechada, exatamente por não aceitar os ventos da mudança que passam pela
porta aberta ao lado da janela. Todo lugar que tem uma janela fechada, tem
também uma porta que pode ser aberta. Se o prego já entrou o que podia na
madeira, não faz sentido nenhum continuar martelando-o.
quarta-feira, 2 de março de 2016
POLIGLOTA (3)
A pessoa que fala mais
de um idioma e domina a arte de refrasear, consegue evitar conflitos
desnecessários criados pelas palavras erradas, tornando-se senhora do próprio
destino ao aprender a incluir os polos contraditórios num único contexto de
possibilidades. Tal aprendizado se torna um celeiro de estratégias, ampliando
sua capacidade visionária na hora de ajudar outras pessoas, mais limitadas ou
sedentas por adquirir conhecimentos gerais de sobrevivência, a se darem melhor
na vida. Elas se tornam mestres, amigos, conselheiros, parceiros, grupo de
apoio, instrutores e estrategistas. Falar apenas um idioma é ver a vida do
chão, limitando sua grandeza, a qual poderia ser muito maior do que já é. Falar
mais de um idioma é ver a vida de cima de um prédio, antevendo com mais
precisão o que vai acontecer.
terça-feira, 1 de março de 2016
POLIGLOTA (2)
Sem perceber, a pessoa
que fala mais de um idioma está redesenhando as palavras e adquirindo novas
formas de pensar. Ela se engaja num processo de libertação de padrões
estabelecidos por seu núcleo familiar ou pela comunidade onde vive, tomando
mais iniciativa e abraçando com mais prazer a sua individualidade, o que gera
segurança para se arriscar mais na vida e para correr atrás de seus propósitos
com maior determinação. Ela compreende melhor as determinantes de uma realidade
específica e evita cair em jogos de malandragem de outras pessoas,
diferenciando com maestria os lobos e os cordeiros.
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