A criança vive a
incerteza das descobertas com enorme intensidade, alimentando dúvidas e
curiosidade. O adolescente vive a sua insegurança diante de tantas
transformações físicas, emocionais e sociais de maneira mais profunda do que a
criança. O jovem encara o furacão de sua fase com riscos, aventuras,
impulsividade, radicalismo, confrontação, razão, e sua resposta é grande e
proporcional aos desafios que abundam em incertezas. O adulto convive mais com
as incertezas do que a juventude, pois carrega em si o peso da
responsabilidade, o compromisso, as cobranças externas, o medo do futuro, a
coleção de frustrações, os problemas de saúde, o custo alto de se ter uma
família, o resultado conflitante no relacionamento com os filhos, as crises de
idade, etc. O idoso perdeu todas as certezas que obteve na vida diante da
solidão que agora o acomete impiedosamente, das doenças e dores crônicas, da
falta de expectativa, das perdas motoras e neurológicas, do distanciamento da realidade,
da falta de produção, restando-lhe apenas a certeza da morte que se aproxima de
espreita. A vida é um desfile silencioso e ordenado de incertezas.
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