Nosso vazio nunca está totalmente vazio. Ele pode ser
espera que demora, tempo que não se conta, reservatório de intervalos. Ele pode
ser saudade que não se completa, referência que se esvai lentamente, carta com endereço errado. Pode ser crença que nos
envolve, prece que nos acolhe, templo de silêncio eterno. Nosso vazio é sempre
o que chegou antes lá.
Se foi o pensamento que nos esvaziou, ou se foi a dor
despalavrada e insana que nos lançou nos confins do universo onde ninguém pode
nos encontrar, eu não sei. Só sei que cada pedacinho de meu vazio está
preenchido com transparências de tudo aquilo que um dia poderá vir a ser.
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