Quando criança, em nossos primeiros meses de vida, a
realidade nos é apresentada pelo núcleo familiar até que sejamos iniciados na
arte da linguagem que vai substituir o choro indecifrável para muitas pessoas.
A partir da linguagem nós é que vamos apresentar aos pais a nossa realidade
existencial, mesmo assim sem nenhuma garantia de representá-la com símbolos
eficientes. Toda forma de comunicação passa então a ser um exercício constante
de tradução de nossas percepções, em contrapartida à percepção dos outros.
A vida continua, o tempo passa, e nós continuamos
eternamente tentando traduzir o outro para assimilar realidades diferentes que
nos são constantemente apresentadas. Em cada tentativa existe o matrimônio
entre palavras e situações. Em cada tentativa descobrimos novas realidades a
partir de novas palavras ou criamos novas expressões para representar novos
desafios. As ciências entram em nossa existência para tentar descomplicar
nossas expansões de pensamento. Quando a gente se dá conta, a vida foi apenas um
livro que escrevemos. Aprendemos na cadeira de balanço que a vida se revela
naturalmente como pura tradução.
Nenhum comentário:
Postar um comentário