Meu olho repousa em meu olhar.
O olho se empresta à paisagem e nela se deixa esquecer.
O olho não leva nem traz, não fica nem vai, ele vive o momento presente que se move.
O olho se abre à luz e ao escuro, ignorando fronteiras, de cabeça para baixo, com ou sem brilho.
O olho fala, sorri, revela, esconde, chora, aponta, reprime e encanta.
Sem espelho, o olho não se vê. No entanto, se enxerga, sabe que existe.
O olho busca sem ter mãos, percorre sem ter pernas, eleva sem ter asas e come o que ainda não pode provar.
Ele foi concebido pela genialidade de Deus, feito rio por onde passa a poesia e os detritos da mente inquieta, por onde navegam os sonhos e os pesadelos, em movimentos rápidos e cíclicos.
Ele é pequeno e vê o grande, é colorido e vê o cinzento, é globo e vê o quadrado.
Ele sai, sem sair do lugar e me deixa sem me abandonar.
Quando ele não quer encarar, sobra para o meu coração.
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