Descobri que os agentes
nocivos estão por toda parte, no abstrato e no concreto, na matéria e nas
emoções, nos objetos e nos pensamentos, na esquina e nas leis que são feitas
contra nós por quem elegemos, na data expirada dos produtos e na vida que se
vai sem aprender nenhuma lição. Os agentes nocivos se vestem de terno e
gravata, se desnudam a céu aberto, invadem nosso descuido e nos contaminam de
brevidade. Os agentes nocivos não gostam de si, por isso transbordam a escória
do que são. Tem agente nocivo na repartição pública e na empresa, na escola e
no mercado, no namoro e no divórcio, na novela e na novidade, no encontro e no
esquecimento. Tem agente nocivo oculto ou revelado, cara de tonto e cara de
pau, aceito ou rejeitado, detectado ou debaixo dos panos. Tem agente nocivo na
língua ou nas palavras, nos olhos ou nos olhares, na música e nos ouvidos
moucos. Descobri que os agentes nocivos, por não serem combatidos, herdarão o
reino da Terra.
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