O ódio é apenas o grito de alguém sangrando
internamente, ferido de abandono e indiferença, querendo amar a si mesmo sem
saber como. A voz do ódio é a destruição da reputação do outro, já que a
própria foi destruída há algum tempo atrás pelos distanciamentos do amor. A voz
do ódio agride física e emocionalmente porque vaza e não cabe mais neste corpo
vivo e em decomposição existencial. O ódio é o anúncio público de quem se deu
sem se vender, de quem se vendeu sem se dar, de quem desconhece o valor de si
mesmo como pessoa, como ser humano, por acreditar na desumanização do coração.
O ódio é a bílis da desesperança vazando pelos lábios secos de quem não fala,
vomita. O olhar de quem odeia é turvo, impuro, tóxico, por isso não consegue
ver mais a realidade em transformação, por isso desistiu da mudança interior.
Seu único antídoto é a compaixão distanciada. Sua única salvação é a oração
aproximada. Seu único detox, um grande amor inesperado.
segunda-feira, 29 de junho de 2020
sexta-feira, 26 de junho de 2020
ERRÂNCIAS E ESTRATÉGIAS
Se você não consegue ter paz e culpa alguém
por seus sentimentos, você ainda não despertou a consciência. Mesmo que as
pessoas ao seu redor lhe causem a interpretação de que jamais mudarão, ainda
assim você terá que lançar suas saraivadas de bala ou fogo sobre pessoas em
posição de autoridade. Alguém tem que levar a culpa por sua infelicidade, isso
é mais cômodo. Se você não consegue ter paz e atribui a esta ausência de paz
algum acontecimento inesperado ou indesejado, você ainda não despertou a
consciência. Mesmo que leia milhares de livros, assista a milhares de vídeo no
youtube, atenda a rituais e cerimônias religiosas, ainda assim você puxará o
tapete dos concorrentes ou de qualquer pessoa que ameace a revelação de sua incapacidade
de perdoar. Alguém tem que pagar por sua baixa estima e autoimagem negativa,
isso é mais fácil. Se você não consegue ter paz e acusa alguém de ter destruído
algo que você conquistou com tanto sacrifício, você ainda não despertou sua
consciência. Mesmo que este alguém tenha partido e reconstruído a vida dele com
alguém que lhe atende melhor suas exigências, ainda assim você criticará todo
relacionamento que ouse compartilhar conflitos pessoais consigo, ainda lançará
no mundo seu fel de desamor por ter desistido de confiar e recomeçar. Alguém
tem que pagar por sua falta de autoconhecimento, isso é mais conveniente. Às
vezes é melhor crescer do que lamber o chão.
segunda-feira, 22 de junho de 2020
A FORÇA
Aprendi que no ato da concepção cada pessoa recebe o Espírito Divino e uma jornada específica para viver. A partir dali cada um vai passar por isso, com amor ou com dor, vai assim mesmo pois tudo foi definido anteriormente num acordo de alma. Os indianos acreditam que tudo está certo como está. Os antigos diziam que Deus escreve certo por linhas tortas. Os Budistas acreditam que a felicidade acontece quando a gente aceita a realidade como ela é, pois pertence a uma ordem divina, muito maior do que nossos desejos de ajudar ou mudar alguém. Aliás, quando a gente sustenta silenciosamente esta energia de mudar-ajudar os outros, de mudar a jornada deles, a gente envia mais vibração de dor a eles por não aceita-los, nós fazemos mais mal do que bem, mesmo de forma inconsciente. Mudar não podemos, a gente só pode amar e amparar seus braços cansados da vida.
O alcoolismo é uma anestesia que pessoas procuram para abafar uma dor muito profunda, mal resolvida. Dores profundas são como a respiração, não podemos respirar pelos outros. Só eles podem decidir o que fazer com a jornada deles. Mas a gente se apresenta ao lado deles com amor e os aceita como são. Do contrário a gente é sugado pela nossa própria jornada, querendo algo deles para o nosso prazer de ajudar, usando os sentimentos negativos deles para justificar nosso controle e poder, tudo de forma super inconsciente. Por isso existem os codependentes de dependentes químicos, aqueles que se descuidam e sofrem junto a jornada dos outros e a própria. Amor incondicional é amar ao mesmo tempo em que deixamos o outro viver a jornada deles. No fundo, na verdade, quem ajuda é a força, quem cura é a força. Quem transforma é a força. Se tentarmos brincar de Deus, a gente se transforma em pura dor.
quarta-feira, 17 de junho de 2020
CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA
Nunca ouvi falar da existência de uma civilização
brasileira. Nós não temos uma visão coletiva, não nos movemos como um só bando
de aves com um objetivo comum e respeitando as lideranças. Nós não geramos
pensamentos, apenas os desconstruímos com a força cega das opiniões. Nós nunca
valorizamos nossos talentos e riquezas nem nossa inteligência individual na
hora de materializarmos recursos para nossas necessidades. Nossa cultura não é
brasileira, ainda é a portuguesa, entregando de bandeja nossos recursos
valiosos, nossa autonomia, nosso futuro. Damos aos filhos nomes americanos,
vestimos a moda estrangeira, montamos a casa com produtos da China, na justiça
aplicamos o Direito Civil Romano, nas ciências humanas importamos toda a Europa
de uma só vez. Somos uma cultura com péssimos hábitos de leitura e, por não
lermos tanto, pouco pensamos e nos deixamos ser facilmente pensados e
explorados ao trocarmos o discernimento pelo julgamento. Nós não temos uma
ideologia política nacional, não temos teorias econômicas voltadas para o
mercado brasileiro, não temos o carro brasileiro, não valorizamos pesquisas nem
sustentabilidade, pois mal temos o cidadão brasileiro. Tornamo-nos
inconsequentes com nosso destino. Um sistema político-econômico mundial que
destrói a natureza pelo lucro, envia-nos a mensagem de que devemos também
destruirmos uns aos outros para perder nossa integridade e sermos reduzidos a
números. Por isso fica tão fácil nos perder em consumismo, em escolhas
políticas erradas e na psicologia da falta. Se mais de duzentos milhões de
brasileiros desunidos não conseguem resolver seus problemas básicos e
estruturais, é sinal de alerta para que mudemos nosso nível de consciência se
quisermos construir um novo Brasil. Precisamos prestar mais atenção e dar mais
cuidado às dinâmicas de relacionamento entre as pessoas. Precisamos reformular
nosso sistema político presidencialista para que atenda aos interesses
brasileiros ou então abandonarmos nossa dependência de governos para formar
grupos comunitários com iniciativas que transformem nossa realidade para
melhor. Termino este artigo lembrando as palavras fatídicas de Tancredo Neves:
“Nós não vamos nos dispersar”.
sábado, 6 de junho de 2020
TURBULÊNCIA
A crise que estamos atravessando atualmente
pode ser comparada à turbulência numa viagem de avião. O piloto sabe
antecipadamente o que virá a frente e sua intensidade, pois recebeu informação
sobre outros voos através da torre de controle. Os passageiros ainda não sabem.
Os comissários e aeromoças se comportam como se nada soubessem, obedecendo as
regras da empresa aérea para não causar pânico.
Cada passageiro terá uma reação ou
comportamento diferente quando a turbulência se manifestar. Uns ficarão
imóveis, tensos, expressando pânico e compartilhando medo, na certeza cega de
que o avião vai cair e matar a todos. Uns, com alguma experiência anterior de
outras viagens, acalmarão os mais aflitos. Uns, engraçadinhos, comprometerão a
segurança dos outros ao se levantarem e abrirem o bagageiro, contrariando as
instruções dadas pelo piloto. Uns seguirão as próprias instruções, baseadas nas
informações que leu na internet, e se sentirão tranquilos. Uns rezarão, pedindo
a Deus que os salve do pior ou sustentando a fé no melhor. Uns continuarão
atentos, mas sem tensão nenhuma, pois sabem que tudo passa. Uns sentirão a
taquicardia no peito fazendo mais barulho do que a turbulência em si, como se a
maior turbulência fosse mental, prendendo a respiração e procurando
desesperadamente os equipamentos de segurança, os quais havia ignorado nas
instruções da equipe de bordo no início da viagem. Uns, mais descuidados,
derrubarão seus pertences no colo do passageiro ao lado. Uns, mais alienados,
tentarão tirar um self da aventura. Uns negarão a existência de qualquer
perigo, achando tudo aquilo muito normal e parte dos riscos de voar. Uns
continuarão dormindo e roncando, sem dar conta do ocorrido, sob efeito do
cansaço físico ou do álcool ingerido em excesso. A viagem é a mesma. O avião é
o mesmo. A turbulência é a mesma. Muitas são as percepções da realidade de
estarmos vivos, pois fomos treinados a dar significado e sentido às
circunstâncias.
Para refletir: O que faço diante daquilo que
não gosto...o que penso diante do que não posso controlar...o que acredito e
como minhas crenças ditam o que devo fazer...o que aproveito de cada
dificuldade para o meu crescimento...o que compartilho com o mundo como sendo a
minha verdade...quais são meus valores quando perco o chão...qual dose de amor
e empatia coloco nas minhas decisões de sobreviver...
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