O carnaval chegou e arrasta pessoas para as ondas do desejo. Cada pessoa vive, sonha ou acredita que um desejo alheio lhe alcançará no meio da multidão, mostrando sensualidade e buscando algum contato físico diferente. O futuro saiu de cena , a consciência das consequências também. Dá-se permissão de ser objetificado por alguns dias em nome da alegria passageira. Dá-se permissão para dessacralizar o sagrado. Beijos de sol e de sal abundam na avenida, desperdiçando energia vital, pois o grito agora é para relaxar as tensões e esquecer os compromissos. Afinal, a vida foi, é e sempre será um baile de ilusões.
Todo carnaval é seguido pela quarta-feira de cinzas, em vaga lembrança de que tudo passa e retorna ao ambiente de origem sob outras formas. É como um reajuste de contas, uma reorganização do Ser, uma renovação ou reencontro com a realidade. O normal recupera sua vez e voz para anunciar a urgência das reflexões mais profundas, enquanto a alma clama para ser lembrada e resgatada. Retoma-se a consciência de que cada pessoa possui significado, razão e necessidade de viver plenamente. Tudo tem sua hora no tempo da vida.
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