MEMÓRIA E DIÁLOGOS

O que a gente costuma falar nos sai da boca quase sem pensar, uma vez que estamos familiarizados com aquela ideia, opinião ou posicionamento. Tudo sai automático, ou melhor, tudo fica no piloto automático do sistema de defesa pessoal. Se ficamos em silêncio, checando o que foi dito e o que está entrando de diferente no nosso banco de dados, é porque saímos momentaneamente do automático. Isso implica a saída do espaço dos monólogos para a entrada no espaço dos diálogos, reativando a memória. Dialogar faz bem à memória, pois nos deixa conscientes do instante.

INTELIGÊNCIA ESPACIAL

Se você não possui inteligência espacial, não vai perceber que atropelou alguém, ou bloqueou a passagem de quem vinha atrás, ou dançou para lá e para cá para não chocar-se com quem vinha à sua frente na calçada. Ou então baterá um pênalti no futebol entre amigos e mandará a bola para o décimo terceiro andar. Ou então pisará nos pés de quem dançar consigo várias vezes na mesma música.

Inteligência espacial é a capacidade de tomar decisões rápidas em relação a um posicionamento físico para tirar vantagens imediatas. Ela é elevadíssima em pilotos de fórmula 1 e craques do futebol mundial. Poucas pessoas a desenvolvem com excelência.

O QUE MUDOU

Muita gente não se dá conta do que está mudando ao seu redor, muito menos no seu interior. O espelho ajuda a ver a passagem do tempo, mas não existe espelho melhor para ver por dentro do que o travesseiro da consciência. Mudaram-se os interesses em cada estágio vivido, em cada relacionamento, em cada perda e em cada conquista. Mudaram-se as emoções após tropeços e cabeçadas contra o destino. Mudaram-se habilidades críticas de acordo com as novas exigências estabelecidas. Se a pele tem rugas escritas pelo tempo, o interior tem marcas indeléveis dos desejos silenciosos.

DEMANDAS

Gerenciar demandas é uma arte que segura muito dinheiro no bolso e nos cofres públicos. Olhar atentamente para tudo o que entra e sai no sistema e na organização financeira, na casa e no corpo, evita desperdícios consideravelmente. Todo desperdício é dinheiro jogado fora. Olhar a relação custo-benefício de tudo o que estiver sendo oferecido ou comprado é tática eficiente para gerenciar demandas. Olhar para a motivação que leva aos gastos nos faz diferenciar melhor as decisões baseadas em necessidade real, necessidade momentânea e vontade. Não é justo forçar muitos a pagarem pelo que poucos usufruem. Gerenciar demandas é capacitação e consciência.

A COLHEITA

Competitividade só funciona bem na busca da realização de metas. O problema surge quando pessoas altamente competitivas e motivadas extrapolam a agressividade e desrespeitam os limites dos outros, afetando diretamente os relacionamentos afetivos. Relacionamentos competitivos são geradores de infelicidade, facilitando a colheita de conflitos, tirando lascas da estima dos outros, distanciando parceiros. Quando vencer se tornou mais forte do que ouvir ou compartilhar, é sinal de que o amor do casal tirou férias e foi descobrir outras possibilidades de sol.

PAIS IDOSOS

Pais idosos não dão trabalho. Os filhos cuidadores é que não entendem o que se passa com eles. Assim como as crianças pequenas, pais idosos não gostam de surpresas ou falta de planejamento e atrasos, necessitando de rotina previsível e anunciada em suas atividades, alimentação e visitas médicas. Pais idosos, assim como os adolescentes, necessitam de muito apoio diante da insegurança que desponta no horizonte das transformações físicas e da solidão social. Pais idosos, assim como os adultos, pensam que só eles conhecem a vida e a solução para todos os problemas, necessitando, porém, cuidadores pacientes. Pensando bem, pais idosos resumem em si tudo o que somos em cada estágio da vida.

PAIS HELICÓPTEROS

Este é o novo nome dado aos pais supersuperprotetores desta geração. Eles estão sempre sobrevoando as atividades dosa filhos, prontos a trabalharem como motoristas particulares e pilotos de plantão. Tratam os filhos como incapazes de suportar o frio ou o calor durante a caminhada de casa à escola. Permanecem acordados até altas horas para buscar os filhos adolescentes no clube noturno, como se o perigo fosse apenas aqui fora, como se isso garantisse aos filhos a blindagem deles diante da violência urbana. Estão preparando uma geração insegura e dependente para hibernarem na casa dos pais até morrerem.

NOVOS COMEÇOS

Como é bom vislumbrar novos começos em nossa vida. A gente se envolve com animação e iniciativa, volta a acreditar em si e no futuro, pinta o mundo cinzento com cores alegres e carregadas, encontra mais energia para se movimentar, acessa novos insights e novas ideias, entra num novo ciclo de possibilidades reais, muda a escala de valores, conduz os eventos a nosso favor, esforça-se mais sem reclamar, compartilha positivismo com amigos e familiares e redescobre que atitude é tudo. A gente redescobre que criar oportunidades é mais prazeroso do que simplesmente esperar por elas.

NÃO JULGARÁS

Não julgue uma ação impensada de outra pessoa. Você nunca saberá identificar com precisão as causas ou as forças ocultas envolvidas naquele contexto.

Um minuto, uma palavra e uma decisão nunca surgem do nada e o que aconteceu faz parte de uma rede de possibilidades. Pode ser atração mental, desejo inconsciente, escolha ou necessidade biológica e mental. Pode ser karma, destino, genética, contrato de alma ou influência de ancestralidade. Pode ser impulso, acidente, incidente, reação, medos. Pode ser a natureza falando mais alto. O melhor a fazer é apenas testemunhar a vida fluindo diante de seus olhos e se calar diante de tanto mistério.

SEM FRONTEIRAS

Há sempre alguma coisa que você vê com clareza, mas é sempre sobre os outros. Eles também veem algo que você não vê em si. Talvez por estarmos envolvidos, perdemos a visão panorâmica. Talvez por estarmos consumidos, entramos em pânico. Talvez por nos sentirmos perdidos, sacrificamos a solução ideal.

Sem entusiasmo a gente nunca é suficiente para o sucesso ou para a mudança. Sem consciência, a gente nunca se completa, valorizando apenas um lado da moeda. Assim, o outro só nos ajuda a sermos nós quando saímos dele.

PODER PESSOAL

Cada pessoa tem o seu. Pode ser a capacidade de articular palavras e argumentos. Pode ser charme e sedução. Pode ser a voz firme ou os olhos hipnotizadores que nos deixam desconcertados. Pode ser o status social deles que vem de encontro à nossas ambições. Pode ser a beleza física quando evitamos a profundidade das coisas. Pode ser a arte de enganar. Pode ser a sensibilidade de detectar o ponto frágil dos outros. Pode ser a habilidade de influenciar pessoas. Pode ser o encantamento do toque perfeito com gentileza ou com reconhecimento. Cada um tem a sua forma secreta de exercitar o poder pessoal. Qual é a sua?

DIAS DA SEMANA

Há tres aspectos que tornam a popularidade de uma pessoa mais interessante. O primeiro é a capacidade nata de se comunicar com respeito, com novidades, com troca farta de informações. Parece uma Segunda feira contando tudo o que aconteceu no final de semana. O segundo é a alegria e o humor com que se comunica algo, sem causar antipatia, sem forçar o rumo da conversa, relaxando tensões e medos de quem escuta, incluindo os outros na roda do diálogo descompromissado.Parece uma Sexta feira pronta para a noitada. O terceiro é a abertura às abobrinhas, aos comentários tolos na hora certa, à pulsação necessária entre seriedade e infantilidade sem espaço às emoções ou possibilidades de conflito. Parece um Domingo com Faustão.

CARA CHATO

Há duas maneiras de se lidar com pessoas chatas. A primeira é não levá-las a serio, não julgando-as pelo que dizem e pensam, para que a sua emoção não se transforme em raiva daquela pessoa inconveniente. Há um pequeno espaço para o perdão e para a política de boa vizinhança, um espaço para ser delimitado sem que se recorra a pequenas guerras. A segunda maneira é dar as costas e sair de cena para não jogar mais lenha na fogueira nem ter que ouvir lorotas ou ofensas desnecessárias, não julgando o comportamento delas, mas retomando o controle de suas próprias escolhas. Viu só? Até os chatos nos ensinam lições.

NÃO ENCHE

Amor só enche barriga se for de filhos. Amor só enche o bolso se for de rua. Amor só enche o saco se virar cobrança. Amor só enche o tempo se vier aos pedaços. Amor só enche a boca se for perfeito. Amor só enche o quarto se for casadinho. Amor só enche a cabeça se for de ilusão. Amor só enche a página se for romance. Amor só enche o céu se for de poetas. Amor só enche a casa se for a de Irene. Amor só enche o coração se for de esperança. O amor sabe é inchar.

OS RANZINZAS

Tem gente que adora estragar o dia dos outros, justamente por não terem mais nada interessante para fazer. Estragam os prazeres dos outros, especializam-se em identificar o ponto fraco dos parentes e amigos, demonstram contentamento quando conseguem causar irritação nos colegas de trabalho.

Nunca se zangue com eles para não incentivá-los a continuar contaminando o seu humor. Apenas ignore-os silenciosamente até esvaziar a intenção deles. Aos poucos eles irão murchando e diminuindo as brincadeiras maldosas ou comentários inconvenientes, partindo à procura de outras vítimas.

OUTROS PONTOS DE VISTA

Sempre que você afirma uma opinião diante dos outros, da forma mais pragmática possível, alguém vai identificar o seu ponto fraco. É que cada um escolhe a polaridade que deseja em cada conversa. Os amigos compreendem e lhe complementam. Os rivais observam o que seria o oposto de sua convicção e investem no combate aberto de opiniões para esvaziar o seu raciocínio. O que os rivais não sabem, naquele momento, é que você se move por seus princípios e crenças, enquanto eles se arrastam pela teimosia e pela vontade de acertar como você.

Agora coloque-se no lugar dos rivais e eles no seu lugar e releia este artigo.

Sempre que o outro afirma uma opinião diante de mim, da forma mais pragmática possível, eu identifico o ponto fraco dele. É que cada um escolhe a polaridade que deseja em cada conversa. Os amigos compreendem e o complementa. Eu observo o que seria o oposto da convicção dele e invisto no combate aberto de opiniões para esvaziar o raciocínio por ele demonstrado. O que eu não sei, naquele momento, é que ele se move pelos próprios princípios e crenças, enquanto eu me arrasto pela teimosia e pela vontade de acertar como ele.

PATENTES

Sempre que queremos expandir nossos territórios, precisamos de informação nova. Para isso precisamos também de alguém em quem depositar nossa confiança, não que eles mereçam, mas mesmo assim a gente decide neles confiar. No fritar dos ovos a gente mistura o que sabemos com nossa intuição, com nossa vontade de melhorar ou tirar alguma vantagem de algo, nossa teimosia, nossas necessidades mais prementes, nossa arrogância vestida de poder pessoal e acrescentamos aquela informação nova assumindo paternidade dela como se tivesse saído de nossas entranhas. Parece uma coisa natural a gente roubar patentes comportamentais.

CRIANDO A INTENÇÃO

Aprendi uma pérola que veio trazer mais qualidade para a minha experiência de vida. Aprendi a colocar intenção consciente em tudo o que for fazer, desde as pequenas coisas até as mais complexas, sem deixar espaço para dúvidas, como forma de expressar minha conexão com o universo e de participar do fluxo vital como ator coadjuvante.

Ao tornar clara cada intenção, ao me atirar em alguma ação, estarei inteiro em cada momento, estarei presente em cada pessoa com quem interagir, estarei em contato constante com a Fonte. Esta nova forma de viver me trará a oportunidade de ser sempre autêntico, de ser mais forte e objetivo, de superar meus limites e de me comunicar melhor com as pessoas.

Aproveite você também e receba esta pérola, praticando intenção clara esta semana em tudo o que você fizer. Vamos mudar em nós aquilo que queremos ver transformado no mundo exterior. Vamos valorizar a transparência e a honestidade. Vamos ser inteiros.

DESCOBRINDO O SENTIDO

Descobrir o combustível que vai nos levar adiante na vida é dar sentido à ela e nos ajuda a continuar cuidando dela em todos os aspectos.

Ao identificar com clareza nossa função familiar e nossos propósitos na sociedade, damos passos certeiros na escolha pessoal do sentido ou orientação rumo ao futuro. Há pessoas que dão sentido a ela pela prática religiosa. Há pessoas que a ela dão sentido pela evolução de tudo e de todos. Há pessoas que dão sentido pelo exercício do amor incondicional ou pela provisão no núcleo familiar. Há pessoas que dão sentido pela proteção a tudo o que é vivo. Há pessoas que dão sentido a ela pela destruição do inútil e do inválido. Outros dão sentido ao validar os inválidos. Há pessoas que dão sentido pelo bom combate. Outros pelo apego a coisas materiais e outros ao desapego pela própria vida.

O sentido da vida tem que ser algo panorâmico, abrangente, inclusivo e contínuo. Deve representar um movimento de transformação e de renovação para receber as forças vitais que se acumulam provisoriamente em nós. Deve incluir o fortalecimento do corpo, do intelecto, da alma e do espírito. Deve ir além desta existência para abrir as portas ao eterno. Só assim trocamos o futuro pelo momento presente tão rico de potenciais. Só assim transcendemos nossas vontades pessoais e nos tornamos unos com toda a criação. Cada passo pessoal rumo à consciência maior vai delineando ou moldando  este sentido e vai destilando a água viva da realidade até que se beba da pureza da água da fonte.

DESCOBRINDO NOSSO PROPÓSITO

Descobrir nosso propósito de vida ajuda a fortalecer os laços familiares e a escolher melhor nossas profissões e atividades sociais.

Propósito é um território com mapa, uma descrição consciente dos caminhos e metas que despertam nosso interesse maior em nossas escolhas diárias. Há pessoas que se encontram no aprendizado teórico e prático, valorizando a educação, e baseiam suas interações na partilha e na geração de novos conhecimentos experimentais. Há pessoas que compreendem a importância da produtividade e se colocam à disposição para organizar meios de produção de artigos de necessidade básica ou de bens e serviços. Há pessoas que se veem na condição de líderes, baseados na prática da iniciativa, da intuição, da cooperação, da comunicação e do foco nos resultados. Há pessoas que dedicam suas vidas para cuidar da família humana nos momentos de fragilidade, e baseiam suas atividades na dedicação, na atenção, no respeito, na compaixão, no restabelecimento do equilíbrio e na aceitação dos infortúnios que desagregam o corpo e a mente.

Propósito é algo criado pela própria pessoa baseado no autoconhecimento, na satisfação pessoal, na vontade e interesse por certa área de atuação. Para encontrá-lo é necessário se observar com frequência para ficar atento aos rumos que se dá ao próprio crescimento pessoal. Propósito é o casamento entre profissão e valores pessoais.

DESCOBRINDO NOSSA FUNÇÃO FAMILIAR

Descobrir nossa função na estrutura familiar ajuda a encontrar nosso propósito de vida e, consequentemente, o sentido que estamos dando à ela.

Função é algo determinístico, algo estabelecido antes de nosso nascimento e para a qual somos silenciosamente treinados. Há pessoas que passam a vida trabalhando, gerando recursos financeiros e nunca tem nada, pois eles acabam sendo colocados à serviço da família. Há pessoas que servem de amortecedor para os conflitos familiares como se tivessem culpa de tudo o que acontece de ruim naquele grupo. Há pessoas que repetem os ancestrais em seus desvios de comportamento ou em suas doenças até que se vislumbre a cura energética de todos eles.

Função é um cargo específico criado para garantir o fluxo dos acontecimentos emaranhados pelo destino. Para descobri-la há que se observar melhor o histórico de nossos avós maternos e paternos, os segredos de família, as interações de apoio e de rejeição entre seus membros e o papel das limitações que existem para que não nos afastemos do roteiro.

DINÂMICA FUNCIONAL FAMILIAR (3)

Quando tivermos dificuldade de entender nosso sofrimento, em nosso relacionamento familiar, podemos abrir um novo filtro de percepção onde cada pessoa será substituída por uma função na estrutura familiar, similar às funções existentes numa empresa. Ao identificar as funções e suas correspondências, tudo fará mais sentido se desvendarmos o papel de cada um no contexto geral como forma de contribuição para a cura do sistema da família humana. 

A empresa visa o lucro, a família visa a cura da consciência. A empresa e a família se organizam pela hierarquia e pela ordem. As duas têm seu ativo e seu passivo nas negociações. As duas preservam suas conquistas.

Não vivemos para nós e sim para algo maior do que nós. Orbitamos uma dinâmica gregária que se move por seu passado e suas escolhas, por suas experiências interrompidas, pelas projeções naqueles que parecem possuir recursos que podem ser utilizados pelas gerações vindouras. Somos apenas uma alma operando momentaneamente uma função predeterminada pelo fluxo energético do todo. Não existe um alguém dentro de nós. Existe toda uma ancestralidade.

TENSOR FAMILIAR (2)

Nós não somos uma pessoa independente e isolada do mundo. Somos o tensor energético de uma família com vários elementos de gerações diferentes transferindo aos filhos e netos suas percepções emocionais e conceituais da vida. Somos o resultado da mistura de várias personalidades, vários eventos, vários segredos, várias culturas, várias experiências e percepções destas experiências, enfim, somos a consequência das escolhas feitas por nossos ancestrais.

Até que nos libertemos desta trama estaremos sofrendo ao carregar o peso das escolhas deles. A questão agora é nos perguntarmos se podemos realmente nos libertar disso tudo ou se estamos cumprindo um papel pré-definido nesta mesma estrutura familiar.

Como estrutura, toda família tem seu espaço e suas funções para se preservar como tal. Os laços familiares são construídos de silêncio e de revelações, como se cada membro tivesse uma função específica para dar continuidade ao que não foi resolvido nem curado. O que foi revelado terá suas consequências provocando a emergência de novas interações e novas posturas. O que foi guardado como segredo terá suas consequências psíquicas nas gerações posteriores. O que for curado em um elemento terá consequências positivas em todo o grupo familiar.

Cada pessoa nasce no espaço definido de uma função e se torna catalisadora de experiências similares para possibilitar a cura. Não vivemos para nós, vivemos para o todo. O movimento energético de toda estrutura familiar é buscar a cura onde quer que ela esteja. Cabe a cada elemento identificar sua própria função e o tipo de cura de seus familiares, podendo ser autonomia, amor, iniciativa, responsabilidade, segurança, perdão, consciência, transparência, liberdade, união, etc.

FUNÇÃO (1)

Uma coisa que nos impede de conhecer bem uma pessoa é o fato de termos uma ideia antecipada, pré-estabelecida, condicionada, imaginada dela. Nós nos relacionamos com este ideal de pessoa e quando ela se choca com o que ela verdadeiramente é, a gente se decepciona conosco achando que é com ela. Cada pessoa não existe como pessoa, mas sim como função, por isso quando alguém morre na família, logo alguém assume a função dela. Quando uma pessoa para de atender as nossas exigências, ela perde sua função em nossa vida e pedimos a separação. As pessoas que chegam e ficam em nossa vida, chegam como função para aquela fase ou para um tempo maior, dependendo da grandeza da função preenchida. A função que as pessoas preenchem em nossa estrutura já estava determinada antes da chegada delas.

Cada coisa ou objeto também apresenta sua função até que não seja mais conveniente a quem os utilizou. A coisa não é a função dela. O carro que você comprou tem a função de levar você ao trabalho e às compras, precisa ser econômico e ter porta-malas grande ou proporcional ao tamanho da família. Se você se divorcia, seu carro perde aquela função e precisa ser trocado por outro que atenda às suas novas exigências, cumprindo novas funções. O prédio da escola onde você estudou não é a função de educar. Se a escola se mudar, o prédio muda de função. Somos nós que determinamos a função para os objetos.

SOBRE FUNÇÃO E SENTIDO

Hoje começaremos uma série de 7 artigos abordando a necessidade de termos função para estarmos e nos sentirmos vivos e como darmos sentido à nossa vida. Contemple cada artigo com profundidade e vamos pensar juntos este tema existencial tão importante.

A CIGARRA E O VULCÃO

Um vulcão não se forma da noite para o dia, mas ele pode acordar depois de muitas décadas sem atividade visível. Uma pessoa que não comunica suas emoções verdadeiras, por medo de não ser aceita ou compreendida, compromete a própria estima e acumula ira dentro de si. Ao não se permitir expressá-la, gasta mais energia ainda para se conter, provocando alterações na pressão sanguínea e no corpo físico. Ela nem percebe a frieza tomando conta de suas palavras, não percebe a construção de uma aparência que esconde um vulcão interior. Ela terá que escolher, no futuro, se explode como uma cigarra ou como um vulcão.

A EMOÇÃO E AS IDADES

Brigar com um amigo tem vários níveis de intensidade. Na infância, brigar com o amiguinho nos deixa tristes demais, abatidos, assustados, isolados, incapazes de nomear as emoções sentidas naquele turbilhão de confusão. Na adolescência, brigar com a amiga significa rejeição, inadequação, criticismo, humilhação, exposição social das fraquezas e defeitos pessoais. Na idade adulta, brigar com um amigo significa mudança de rumos nas escolhas pessoais, troca de interesses e mudança na escala de valores, competição e exigência de maturidade emocional. Na terceira idade, brigar com um amigo significa o fim mesmo, sem chances de reatamento, não ter nada mais a perder pois aquela amizade venceu a validade. Nossas respostas com emoções dependem da idade em que estivermos.

O PREÇO

Não se engane nem se deixe enganar. Você nunca foi, não é e nem será vítima de nada. Você será a consequência da escolha de alguém ou vivenciará as consequências das próprias escolhas. Como a vida é uma escolha, ela é também uma sucessão de consequências dentro da lei universal de ação e reação. Como somos seres energéticos e vibracionais, escolhemos pensamentos, falas e ações e atraímos aquilo no qual concentramos nossas frequências. Para cada escolha, pagamos um preço exigido pelas circunstâncias. Se somos felizes é porque temos como pagar a conta, se somos infelizes ou sofredores é porque não temos capital energético para pagar com graça o preço de nossas escolhas. Por isso, viver é a arte de bem escolher.

DESAFIO

Como é bom ter gente boa em nosso círculo de amizades. Melhor ainda quando uma delas nos surpreende com algo bom, algo que nos deixa felizes. Será que conseguimos lembrar quando foi a última vez que surpreendemos um amigo assim? Quando foi a última vez que realmente lembramos de nossos amigos, deixando a correria e os compromissos de lado, e os procuramos para rirmos juntos?

Hoje é dia de surpreendermos um ou mais amigos com algo bom. Topa o desafio?

MELÃO DE SÃO CAETANO

Alguém aqui se lembra dos pedregulhos, aquelas pedrinhas arredondadas pelas chuvas nas ruas de terra, tempo em que asfalto era coisa de capital, e que as galinhas adoravam ciscar?

E dos muros de barro ou adobo, feito com pedregulhos para dar mais sustentação à construção, separando as casas do interior, cheias de pomar com frutas raras e deliciosas?

E do lodo verde, o musgo aveludado como um tapete, que se formava nos muros de barro quando a umidade era alta ou quando chovia chuvas tropicais demoradas?

E daquela frutinha avermelhada, sem graça no sabor, coberta de casca alaranjada feito pele de dragão, parecida com rabo de galo que morava nos muros de barro com pedregulhos, no tempo em que os galos cronométricamente corretos ainda cantavam no terreiro?

MUROS

Somente somos incomodados com algum comportamento, de alguém muito próximo por exemplo, se não dermos abertura a infinitas possibilidades. Nada é escrito sobre ferro na vida. Se algo nos incomoda é porque nos fechamos numa visão limitada e insistimos em ver o mundo sob aquele ângulo apenas. Se algo nos incomoda é porque nos faltou honestidade no diálogo, porque escondemos nossas verdadeiras intenções e resistimos em comunicá-las aos outros com medo de sérias complicações. É assim que construímos muros e nos afastamos lentamente de pessoas imprescindíveis em nossa vida.

BRIGAS E LUTAS

Há pessoas marrentas, briguentas, teimosas no ápice da ignorância. Hã pessoas lutadoras, desbravadoras, batalhadoras do bom combate e da causa justa. As primeiras conhecem apenas a forca física  e cruel do criticismo. As outras derrubam meia dúzia com a inteligência, mais um sete ou dez com a ironia e uns vinte com a articulação de um bom argumento. As primeiras repetem um manual de mau comportamento. As outras, encontram sempre o melhor caminho de superar os obstáculos humanos mais desumanos que existem.

CONJUNÇÕES

Pessoas extremistas são pessoas intensas e radicais, sem visão panorâmica ou periférica. A intensidade joga a favor delas, principalmente nas aventuras e nas grandes paixões que cegam qualquer prudencia recomendada. Já o radicalismo as coloca em desvantagem e na mira de muitos ataques desproporcionais, afinal existe a lei universal da ação e reação que nunca descansa. Pessoas extremistas são mais propensas a causar acidentes e conflitos, pois vivem na corda babmba do perigo e do desafio. É que elas desconhecem o centro onde se pratica a arte de esperar as conjunções livres.

PÉTALAS

Quem se apega à pétala corre o risco de não ver a rosa inteira. Quando admiramos uma flor, nós a admiramos como um todo, sem especificar de qual pétala vem a sua fragrância ou sem escolher qual a pétala mais bela entre as demais. Quando traçamos apenas um caminho para nossa existência, estamos eliminando os outros sem pensar nas consequências limitantes desta escolha.

Existe uma possibilidade diferente de estar e de ser no mundo. Quando sigo simultaneamente em todas as direções, nenhuma direção específica se torna mais importante ou necessária do que as outras, nenhuma forma de pensamento prevalece sobre as demais, nenhuma cor me define. Todo conceito ou posicionamento que alimento torna-se um apego se eu não souber me libertar do conceito de seguir apenas uma direção na vida. Somos seres multidimensionais e paralelos. A existência é como um rio e nós somos a água que nele flui. A água não escolhe, ela contorna os caminhos já existentes.