sábado, 22 de fevereiro de 2014

CONFISSÃO


Todas as pessoas pedem, esperam ou exigem uma confissão de alguém muito próximo delas. Pode ser de parceiros, de amigos, de filhos, de testemunhas, de criminosos, de crentes, de políticos, etc. Todos esperam receber nada mais do que a verdade que eles querem acreditar, independentemente dos fatos.

Há uma sensação de espreita, um desejo de pegar o pulo do gato, uma tendência ao flagrante que pulsa dentro da insegurança de cada um, ou uma necessidade de confirmação das próprias alucinações. Se fosse mesmo certeza não evoluiria para o confronto final, repousando na verdade, admitindo que o leite já foi derramado, fazendo o mea culpa, agindo desta vez de forma diferente, dando a volta por cima, confiando na justiça divina ou nos propósitos celestiais.


Mas o que as pessoas querem é vistoriar objetos, procurar por marcas no corpo ou cabelos no paletó, checar mensagens no celular, acusar sem provas, julgar pela vingança, exercitar poder sobre elas, alimentar o reino da desconfiança, ganhar mais atenção, se sentirem exclusivas, denunciar em público para desfazer imagens, arrebanhar apoio, sem se darem conta de que quando se pede pela verdade, a verdade pode não ser bem o que elas estavam querendo.


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