sábado, 25 de agosto de 2012

INSTINTO DE PRESERVAÇÃO



Já sabemos que o ego é um aparelhamento mental constituído unicamente para garantir a nossa sobrevivência no mundo material. Muito embora ele, as vezes, também se vista de aura espiritual para continuar exercendo poder sobre nosso destino e sobre as outras pessoas, ele pouco sabe sobre a verdadeira vida espiritual e sobre o reino da consciência.

Desta forma, ele acaba criando em nós a necessidade de sermos protegidos por uma força real, uma força divina, quando as coisas não vão nada bem para o nosso lado. O ego tenta de tudo e de todas as formas, e fracassa, tratando logo de nos desviar a atenção para outros conflitos. Quanto mais ele tenta, mais nos enrolamos na trama complicada da razão, mais perdidos nós nos sentimos diante das frustrações diárias e dos sonhos mortos.

Acontece, porém, que pouco sabemos sobre a mente universal encarregada de nos cobrir com o manto da prosperidade. Pedimos socorro, pedimos ajuda, pedimos esclarecimentos, mas só temos o ego e a razão para traduzir a ajuda esperada. Como a vida escreve certo por linhas tortas, nem sempre traduzimos corretamente os eventos que são desencadeados por ela após nossas experiências desastradas.

A força vital opera no reino da consciência onde há propósitos invisíveis, maiores do que a necessidade momentânea; propósitos da alma que se alinham e fazem mais sentido apenas no âmbito da eternidade. Falta-nos esta visão panorâmica dos propósitos cósmicos para nossa individualidade e para o coletivo.

Resta então o silêncio intencional para o exercício de observação dos pensamentos e de suas desventuras. É o silêncio interior quem sabe desatar os nós criados pelo ego. É o silêncio interior quem vai abrir as portas para a prosperidade fluir em nosso coração através da lucidez que vem da aceitação de tudo o que for colocado em nosso caminho, entendendo ou não seus propósitos coletivos.

A consciência não necessita atos de sobrevivência, não necessita racionalizar os eventos e circunstâncias, não necessita de diálogos internos. A chuva cai depois de observar e ouvir o estrondo solitário do silêncio e depois de ver a trama dos raios se partir em gotas perdidas no firmamento. A consciência traz a graça depois que a mente se cala. Aí é chuva de bênçãos e de prosperidade.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

UM POUCO PARA PENSAR


O estrangeiro é muito ingênuo diante da malandragem brasileira. A população carente é muito ingênua diante dos políticos brasileiros. O adolescente é muito ingênuo diante dos outros adolescentes. A criança é muito ingênua diante da incapacitação dos próprios pais. Viva a ingenuidade.

Isso acontece porque racionalizamos de maneira incompleta e distorcida, precipitadamente. Temos pouco espaço para a racionalização correta. Estamos correndo com tudo e com todos, em todas as ações, na defesa do imediatismo, sem perceber que a pressa nos limita o entendimento e atrai os erros.

Estamos sendo levados por uma minoria poderosa, de forma subliminar, enganados pelo crédito fácil que nos atira no despenhadeiro do consumismo. Sem o entendimento racional confundimos bolha de consumo com crescimento sustentável. Com pouco espaço mental para a racionalidade temos reduzidos os mecanismos de defesa, sendo facilmente influenciados pelos mais audazes. Sem a lucidez para barrar a pressa, ficamos incapacitados para mudar a realidade indesejada.

Quando nossos sonhos não são mais nossos, quando o destino de nossos filhos é decidido por irresponsáveis no trânsito, quando a balada de final de semana vira bala de final de vida, há que se preparar mais espaço mental para a racionalidade.

Nelson Rodrigues dizia que “ toda unanimidade é burra” . Se estivermos sempre do lado da unanimidade, então nem precisamos pensar, pois já estamos sendo pensados. Salve Nelson Rodrigues. Se estivesse vivo completaria hoje 100 anos. Só ele mesmo para revelar que ele continua vivo e nós é que morremos para a lucidez.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

ESPASMOS DE PODER


Fugir da realidade é um ato comum quando se decide resistir à verdade, quando se esconde dos outros com medo ser visto como o mais fraco de todos. Não estando presente, pensa-se que escapará dos comentários e julgamentos indevidos. O que não se percebe ao fugir é que este ato significa escolher a ignorância.

Fugir das emoções, da liberdade de ser o que se é, da verdade inegável dos fatos, é um ato desesperado de justificação da inércia e da falta de responsabilidade. Quando se junta irresponsabilidade com incapacidade de lidar com as frustrações, cria-se o potencial de fragilidade para se viciar em drogas, bebidas, medicamentos, jogatinas e tudo o mais que amparar a fuga. Apoia-se assim as falas e atitudes de vitimização, abrindo portas para doenças físicas e desequilíbrios mentais.

No fundo, no fundo, sempre sabemos se estamos fazendo algo certo ou errado. Se escolhemos o errado é pela distorção da realidade, ao nos enganarmos para obter espasmos de poder nos relacionamentos. Quanto maior o medo da humilhação ou o sentimento de inferioridade, maior será a violência verbal ou física, maior o risco de ser destruído, retroalimentando a necessidade de destruir algo ou alguém antes que isto aconteça. Quando se deixa de acreditar no poder pessoal das escolhas e se transfere este poder para outros grupos, ou para recursos artificiais em busca de uma alegria passageira, inicia-se a imolação de um destino outrora promissor. A vida perdeu seu sentido total. A ignorância venceu.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

IMPORTÂNCIA E GARRA


As decisões mais importantes de sua vida são aquelas que apresentam grandes conseqüências, alto custo financeiro, elevado nível de compromisso e reunião dos recursos disponíveis. Elas não acontecem somente diante de grandes momentos ou de grandes oportunidades. Ao contrário, podem também amadurecer ao longo dos anos e acontecer silenciosamente em reuniões de planejamento inteligente.

Foco e paixão são dois pré requisitos para qualquer tomada de decisão com segurança e responsabilidade. Toda atenção se faz necessária, já que há muitos fatores e vetores envolvidos na dinâmica de cada negociação e em cada acontecimento. O foco esclarecerá prioridades na seletividade das decisões. A paixão manterá viva a energia ou combustível de perseverança, diante dos desafios apresentados. O importante é não tomar decisões sem possibilidade de correção ou volta.

Quando se abraça metas e objetivos, leva-se a ação do patamar de sonhos para a interação imediata com a realidade, gerenciando custos e assumindo compromissos que costurem os acordos, ao trabalhar para o resultado esperado. Quando a perseverança se casa com o compromisso, tudo acontece, bastando então reunir todos os recursos disponíveis e partir para o atendimento potencial da rede de contatos. As decisões mais importantes de sua vida são aquelas em que você traça a linha do horizonte com as próprias mãos, unidas a outras.

domingo, 12 de agosto de 2012

NOVAS ESCOLHAS, NOVAS CONSEQUÊNCIAS

Ontem, quem ditava os rumos da humanidade e do Brasil era a moral e o trabalho. Hoje, quem dita o que vai predominar nas relações pessoais é a liberdade e o dinheiro. Diante de tão brusca mudança, é normal que as pessoas se sintam incomodadas ou perdidas com tudo o que vem acontecendo.
A moral moldava o comportamento das pessoas e instituições, ditava os rumos, preservava o passado, era guardiã da família, ensinava os valores, sustentava as leis e o respeito pela hierarquia, definia a humanidade, controlava as ciências, posicionava as dualidades, cultivava o medo nas massas, defendia a natureza, protegia os homens mais do que as mulheres, ocultava ensinamentos sagrados e nos ensinava como ser civilizados.
O trabalho servia à subsistência, era submisso ao patrimônio, dignificava o rico, oprimia o pobre, tornou-se instrumento de estabilidade, definia o homem, limitava a participação das mulheres no mercado, era moeda de troca, cultivava a obediência, priorizava a desigualdade, puxava a economia e aglutinava os indivíduos.
A liberdade, em 2012, principalmente no Brasil, desvaloriza a consciência, autoriza a desconstrução, ignora o passado, fragmenta a família, ensina o individualismo, premia a irresponsabilidade, combate a hierarquia, experimenta as redes da multiplicidade, desvia a ciência em oposição à vida, endeusa a tecnologia, explora e destrói a natureza, ignora o coletivismo, pratica o profano, corrompe os valores e nos educa para o imediatismo.
O dinheiro, hoje, valoriza a especulação, tomou o lugar de Deus no culto das pessoas, cultiva a posse e a preguiça, aceita e busca a instabilidade, dignifica o lucro e a esperteza, compromete a qualidade, desmerece o trabalhador, serve à política menor, invade fronteiras, aceita a deslealdade, compromete a vida, ignora o planeta, neutraliza a importância do futuro e nos educa para a competição que toma sem escrúpulos.
Sem pesar os pós e contras, a humanidade como um todo terá que se reorganizar melhor se quiser evitar novas hecatombes, e o indivíduo terá que construir a terceira via de comportamento se quiser permanecer senhor de seu destino. Novas escolhas, novas conseqüências.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

MUDANÇAS À VISTA


Agosto chegou e com ele já sentimos o cheirinho de turbulências. O mundo se parece atualmente com um barco à deriva, sem capitão, onde o egoísmo de cada pessoa começa a gritar “salve-se quem puder”. A Grécia já experimenta a Grande Depressão que aconteceu nos Estados Unidos no início do século passado. A Espanha segue o mesmo caminho. A África, cada vez mais esquecida, pede socorro com sua voz trêmula e com as ameaças do novo vírus Ebola.

Algumas comunidades ecológicas ou eco vilas já experimentam como viver num mundo sem dinheiro. Protestos de “OCUPE” se espalharam por vários países contra o sistema financeiro mundial. Pessoas já questionam com maior freqüência se é certo um Banco investir nosso dinheiro depositado, sem a nossa autorização, ao mesmo tempo em que nos cobra juros exorbitantes pelos empréstimos ou nos encurrala nas armadilhas do crédito fácil. Os eleitores brasileiros começam a se sentirem como palhaços ao tomar consciência de que político não deve nem pode aumentar o próprio salário, suntuosamente, enquanto espreme o salário mínimo nosso de cada mês. O mundo começa a acordar e a se unir contra os governos ditatoriais. O julgamento do Mensalão, o maior escândalo da política brasileira, finalmente toma algum rumo para revelar quem protege a roubalheira, para alterar o que precisa ser alterado, para restituir uma parcela da verdade que nos foi roubada pelo excesso de propaganda pro-governamental. A natureza aumenta seus recados nada sutis. Mensagens de mudança é que não nos faltam.

Em muitas culturas o mês de Agosto é considerado negativo, justamente pelo fato de propiciar mudanças que incomodam a muitos ou simplesmente encerram ciclos naturais. Quem não tem medo delas, ri e vira a cara. Quem tem, foca o olhar no que perdeu. O importante é aprendermos a dar boas vindas a toda e qualquer mudança, desde que ela respeite a vida, desde que nos permita expressar nossas opiniões, desde que não tenha agendas ocultas e nos engane deslealmente ou abusivamente. Agosto é apenas uma porta de mudança anual de ciclos. Vejamos o que vai aparecer por trás da porta.

sábado, 4 de agosto de 2012

HONESTIDADE EM TEMPOS CONTRÁRIOS


Há que ser honesto, consigo e com os outros, a todo instante e em qualquer lugar quando se expande a consciência. O enganador é um perdedor de princípios, de moral, de valores, de integridade, de respeito, de verdades, de confiança. O enganador só se sustenta diante de poder, diante da força e do dinheiro. Tira-se-lhe a força ou a grana, ele cairá na lama com facilidade.

Há que ser honesto, consigo e com os outros, em todos os lugares. Pode-se enganar muitos por muito tempo, mas não se engana todos e sempre. De tempos em tempos a história é passada a limpo com documentos e depoimentos, pois que o tempo muda a consciência das pessoas e a aproximação da morte as fazem arrependerem-se dos erros cometidos e das mentiras contadas. Sem contar que a mentira tem pernas curtas e a verdade tem olhos de águia.

Há que ser honesto, consigo e com os outros, a todo o tempo. Os olhos estão abertos em todos os lugares nos observando: em casa, na escola, no trabalho, na rua, na igreja, nas festas, nas estações, nas viagens, no escuro, nas transações comerciais e bancárias, nas câmeras, na documentação, na internet, nos cartões de créditos, etc. Se não bastassem os olhos dos outros, ainda existem os olhos da consciência e os olhos de Deus.

Há que ser honesto, consigo e com os outros, em todo tempo e lugar. Não somos honestos para que os outros percebam nem para evitar o julgamento deles. Somos honestos porque cultivamos uma consciência pura que se prepara para horizontes evolucionários mais vastos na arena divinal. Somos honestos porque desvendamos níveis mais profundos de amor. Somos honestos é para nós mesmos.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

HOJE EU AMEI O EGO


Confesso que foi uma experiência nova para as minhas percepções do Ser que sou. Hoje eu amei o meu ego. Não é preciso matá-lo para expandir minha consciência. Da mesma forma que um animal luta para sobreviver, pois possui ego, eu também fui dotado de uma fagulha intensa de autopreservação. O ego não tem culpa se foi criado com esta função específica de nos proteger, a qualquer custo, mesmo que ele tenha se extrapolado em suas atividades. O papel do pulmão é respirar. A função da noite é descansar a transição do tempo. O papel do mal é nos fazer sentir saudades de algo oposto. O ego não tem culpa de nada. Ele cumpre muito bem o seu papel.

Hoje eu amei o meu ego e com este amor, de característica libertadora, eu pude libertá-lo de minhas condenações sumárias. Sendo o ego de característica curiosa, posso envolvê-lo na beleza do serviço ao próximo rumo à unidade e deixá-lo pensar que foi ele que nos uniu. Posso despertá-lo para as maravilhas da transformação divinal e incluí-lo amorosamente neste processo unificador. O ego também merece o meu amor e o meu perdão por tudo o que fez comigo, se eu quiser despertar minha consciência. 

Se tratado com amor paternal ele nos obedecerá e dormirá em nosso colo. Se tratado com amor maternal ele se alimentará do silêncio que lhe oferecermos como refeição plena do dia. Se tratado com amor fraternal, ele nos acompanhará nas brincadeiras de felicidade suprema. Não se esqueça, porém, de uma regra muito importante. Ele só não pode ser tratado como Rei, senão nos escravizará com o sofrimento e nos jogará na toca dos leões imaginários.