Tudo seria diferente se houvesse respeito ao lugar de cada pessoa, ao espaço que cada um precisa para digerir seus sentimentos e para mastigar as notícias dos jornais, enquanto o coração sangra a esperança desbotada. Se houvesse consideração da parte de quem pode mais, para com os que podem menos, o mundo seria um lugar melhor para se viver. Se houvesse consciência de partilha em todos os povos, não haveria fronteiras na hora das dificuldades econômicas de um país. Tudo seria diferente do que vemos hoje em dia.
Se eu conhecesse o meu lugar, na certa não invadiria o espaço sagrado dos outros e saberia esperar pela minha hora e vez de me manifestar. Saberia a ternura como algo natural. Saberia sorrir aos desavisados e correria menos riscos de conflitos externos. Se eu conhecesse o meu lugar ao sol, aprenderia a conviver em harmonia com o diferente até que as diferenças desaparecessem de minha frente.
Se cada pessoa conhecesse o seu lugar e fosse reconhecida, ao reconhecer o espaço dos outros, alguns sentimentos menos nobres seriam varridos da experiência humana e um par de olhos meigos filtraria os raios de sol de quem soubesse dizer sim à vida. Se cada pessoa conhecesse o direito de movimentação de todos, ninguém tomaria posse do que não lhe pertencesse, ninguém compraria a lua ou a terra, ninguém ergueria arranha-céus para arranhar o ar puro que respiramos.
Tudo seria diferente se não vivêssemos em função de tempo e espaço. Nossa verticalidade seria a conexão com o divino e nossas horizontalidades seriam braços acolhedores de abraços e afeto. Nosso ponto de convergência seria uma festa universal de celebração dos dons que recebemos e nossas poucas divergências serviriam apenas para se criar um referencial de adeus à separação. Tudo seria mesmo diferente se algum dia o lugar desaparecesse, e no lugar dele surgisse uma luz, sem começo nem fim, onde o amor reinasse absoluto. Ah! se o Ser se conhecesse vazio...
Nenhum comentário:
Postar um comentário