Sábio
não paga mico, não se precipita nem dá a cara ao tapa. Sábio não compra briga
dos outros e não briga, mas nem por isso deixa de ler a realidade com as
próprias lentes. Sábio sabe que não sabe tudo, que não é dono da verdade e
jamais se alia ‘a unanimidade. Ele sabe polir as palavras até o osso e nesse
ponto se silencia com a descoberta da ilusão. Não se veste de títulos, não
arrota arrogância, não bombardeia ninguém. Ele sabe que as pessoas lançam ao
mundo somente o que lhe sobra interiormente, por isso ele compartilha o
silêncio inteligente. O sábio cessou de usar o conhecimento como muleta e já
caminha solitário no campo das ideias. Ele é minoria intelectual, cisco
cósmico, vertente de quietas inquietudes diante do mistério. O sábio não
precisa das cidades, não constrói castelos ideológicos nem segue por ruas
imaginárias. Ele voa fora do alcance dos ignorantes e desaparece pó no
horizonte iluminado. O sábio não é um Ser engajado para não ser usado. Ele é um
Ser em desuso. Quisera eu um dia chegar perto de um deles e decifrar sua
esfinge.
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