Certo dia resolvi entregar minha vida de volta à Deus, sem resentimentos, sem frustração, sem fanatismo religioso. Até então, toda a minha vida tinha sido um exercício constante de desapego. Para a minha surpresa, um mês depois eu lí a palavra DIKSHA pela primeira vez e ela foi como mel para a minha alma. Pesquisei, corri atrás, recebí 55 dikshas com muitas experiências místicas e fui à India receber a iniciação no processo de 21 dias.
No quarto dia de treinamento, como nada havia acontecido comigo, decidi meditar à noite conversando com AmmaBhagavan. Pedi-lhes para me darem um sinal qualquer de que aquilo tudo ali era real, se eles fossem mesmo o que dizem que são e se Amma tivesse olhos para mim.
No dia seguinte, ao recebermos a notícia de que Amma estava trabalhando pelo sucesso de nosso processo iniciático, fui congelado por alguns minutos, sem poder me mover, dentro de um silêncio profundo e agradável, enquanto os outros cursistas saíam para o almoço. Quando pude caminhar e avistar o Templo da Unidade em construção, fui congelado pela segunda vez por mais quatro ou cinco minutos. Havia uma felicidade diferente dentro de meu Ser. Havia um sentimento de plenitude sem fim, sem barreiras, sem forma, como pura dissolução num campo energético sublime.
Ao retornar ao momento, pensei que finalmente agora poderia almoçar. Quando aproximei-me da porta do restaurante, avistei a montanha sagrada que existe ao fundo de nosso dormitório e fui congelado pela terceira vez por mais cinco minutos, imóvel, silente, desta vez tornando-me o observador da montanha que pulsava como um ser vivo e nada mais era do que uma extensão de mim mesmo. Finalmente entrei na fila do restaurante para servir-me. Escolhi um pedaço bonito de mamão papaya que resistia vir comigo pois escapou quatro vezes de meu garfo mas sucumbiu à minha teimosia. Mal sabia eu que aquilo tudo fazia parte de meu primeiro milagre com AmmaBhagavan.
Ao sentar-me à mesa em silêncio profundo, flutuando em “slow motion”, organizei a comida no prato antes de comê-la, como sempre faço, e descobrí que aquele pedaço atraente de mamão estava podre do lado de baixo. Num instante, sem pensar, abençoei-o e ouvi uma voz dizer dentro de minha cabeça a dizer que devemos cuidar sempre dos feridos, dos doentes, dos magoados. Foi então que fiquei imobilizado pela quarta vez, por mais de cinco minutos.
Quando saí daquele estado alterado de consciência, olhei para o mamão papaya e percebi que a área podre havia se tornado um coração, talvez o coração amoroso de Amma a me dar tranquilidade para continuar minha jornada de evolução. Talvez fosse o meu coração desabrochando em amor. Talvez fosse o seu coração, até que um dia possamos nos encontrar todos na luz divina como um só Ser.
Obrigado, obrigado, obrigado AmmaBhagavan.
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