Toda vez que alguém mente, deixa de lado sua integridade e se apequena diante de palavras vazias, não porque tenha medo da verdade, mas porque acredita nas construções mentais do passado mal resolvido. Toda vez que você sente medo, uma parte sua quer falar e não consegue, mas não é por medo nem por não ter voz, é porque você não escuta a mensagem em gestação. Toda lágrima que escorre no rosto quer falar e não consegue, mas não é por ser salgada nem por ser enxugada por um lenço, é porque palavras pouco traduzem emoções. Falar não basta. Por trás de toda vontade de falar, existe uma necessidade de existir, de ser visto e validado, de pertencer ao espaço melhor dos outros, de ser aceito como se percebe e de se sentir inteiro ao ver reconhecido o seu direito de sentir. Falar não basta. A fala se esconde nas definições, nos sinônimos, nos contrários e nas limitações, gerando sempre a necessidade por outras palavras que, simplesmente, ocupem o silêncio assustador ou nos enganem provisoriamente diante de outros olhos vivos e enigmáticos. O que nos basta é sermos nós mesmos sempre que possível.