segunda-feira, 24 de junho de 2013

REPENSANDO AS MANIFESTAÇÕES


Já ficou claro que este levante popular não é político. Algo maior está acontecendo. Ele tem caráter coletivo e social, mas revela uma transição efervescente para uma tomada de consciência geral. O consciente coletivo se inflou com a popularização da internet, a qual ensinou uma nova forma horizontal de nos relacionar com o mundo. Cansados de toda forma vertical de opressão autoritária e de seus desmandos, descasos, abusos, a humanidade escolhe agora reconectar-se com o potencial criativo para possibilitar sua libertação do caldo cultural que a condicionou e limitou por tantos séculos.

Disseram-nos que éramos colonizados e acreditamos. Disseram-nos que éramos terceiro mundo e acreditamos. Disseram que éramos a sexta economia do mundo e acreditamos. De repente, como se saísse do nada, brotou uma força evolucionária de vida, um impulso criativo, uma urgência de quebrar paradigmas e virar o mundo institucionalizado de cabeça para baixo, não pela anarquia e medo, mas pela coragem de crescer em consciência, pela sensibilidade de descobrir que fazemos parte de um fluxo maior de consciência rumo à construção de perspectivas mais elevadas.

A internet nos mostrou que é possível nos relacionarmos-conectarmos-interagirmos uns com os outros em uma mesma plataforma, num mesmo espaço, na mesma dimensão. Descobrimos e queremos fazer novas escolhas que nos deixem sentir vivos, protagonistas do nosso destino, pois esta nova consciência tem natureza proativa e não quer mais ser desviada por ideologias partidárias que roubam do indivíduo todo este potencial evolucionário. A essência da vida é movimento, é consciência de evolução, e a mobilidade dos transportes citada nas reivindicações das ruas é pura metáfora. Mais do que nunca, o que a vida requer do povo é coragem. E é isto que estamos assistindo agora.

Foi muito desgastante viver por tanto tempo de forma egocêntrica, cada um cuidando dos próprios interesses, consumindo o mundo como se fosse nos faltar tudo amanhã. O egoísmo gerou muita separação que gerou muito medo que gerou muito vazio de propósitos que gerou muita frieza que gerou muita corrupção que gerou muita violência que saturou a desesperança e mexeu no cerne da existência. O homem não pode viver sem esperança, sem liberdade, sem função. Quando ele acessa novamente esta energia primordial, de criação, ele transcende a individualidade e passa a operar em uníssono com toda a família humana num ambiente rico de colaboração. Ele sobe de nível e de dimensão. Ele evolui. Ele cresce em consciência pela força do impulso de existir. Ele se sente feliz e realizado ao se realinhar com toda a natureza. A isto chamamos expansão de consciência.

O que vai acontecer ainda não podemos prever com certeza, mas já sabemos que os poderosos tentarão espalhar o medo, ao afirmarem que as manifestações sem comando político levam ao autoritarismo, à anarquia ou ao fascismo. Cuidado com estas distorções manipuladoras de quem quer se justificar no poder. O momento é novo e muito maior do que o partidarismo. “É hora de abaixar as bandeiras dos partidos e levantar a bandeira do BRASIL”.
                                         Benedito José - Escritor e Psicoterapeuta Holístico

Nenhum comentário: