Na hora de paquerar ou
escolher alguém para um relacionamento amoroso, nunca estamos preparados para o
que há de vir, embora sempre pensemos que sim. Tudo aquilo que nos tomar de
surpresa, ou chocar-se contra nossas expectativas, poderá gerar um vendaval de
emoções. A atração física, a pressão social, a carência afetiva e os interesses
pessoais são motivos constantes para nos conduzir a um relacionamento, saudável
ou não.
Seduzimos ou fomos
seduzidos pela aparência. Temos que arranjar alguém para não sermos chamados de
titia encalhada, gay ou mala. A solidão aperta o peito e apaga a chama da
alegria. Se eu me juntar àquela pessoa, minha vida financeira vai melhorar. A
adrenalina deve ser sinal de paixão. Por último vem o amor ou o que pensamos
ser o espaço para o amor.
O medo da rejeição nos
impede de sermos mais verdadeiros. É hora de jogar os jogos do amor e do poder
para não sermos despachados, hora de ocultar o que puder, seduzir, mentir
pequenas mentiras para fortalecer a auto-imagem que queremos sustentar. É hora
de exigir algo em troca, estabelecer regras, manipular para não perder. A
desconfiança cresce diante da possibilidade de traição ou abandono. Se tudo
continuar assim, já sabemos o resultado final de promessas, promessas e mais
promessas. Mas cadê o amor que estava aqui ? o gato comeu...
Quando tudo parece dar
certo e ganhamos o apoio da família, sela-se o temido compromisso, desta vez
baseado mais na influência externa do que nas emoções incertas, mais nas
promessas do que no amor real. Aí um dia chove muito, chove lágrimas e
trovoadas porque tivemos a garantia de que éramos amados e compreendidos.
Foi-se embora o sonho de um casamento duradouro e a constituição de uma família
exemplar. O medo agora retorna mais poderoso e assustador.
Vestimos a máscara de
vítimas para anestesiar a dor que vem do medo do futuro. Alguns se apressam
para um novo encontro, outros desistem do amor, outros juram vingança e tornam
sua vida miserável. Alguns resolvem apenas dar um tempo e divertir,
aventurando-se sexualmente. Há quem opte pela produção independente. O
feminismo, às vezes, encontra morada no desalento e prega a inutilidade dos
homens. Algo mudou no território afetivo. A chuva de verão passou. O mundo
continua belo e maravilhoso. As pessoas continuam buscando a diversão e a
satisfação pessoal.
O passado é passado,
pois estamos curados da desilusão. Caminhando na multidão, livres e receptivos,
procuramos por olhos e corpos bonitos. Procuramos a companhia ideal, perfeita e
sob medida, a cara metade de nossa máscara para possibilitar de novo um
acasalamento, antes que o inverno da vida se aproxime na esquina. Dentro de nós
recomeça uma reação bioquímica de hormônios, silenciosa e cúmplice de novos
desejos, pronta para a próxima dança nupcial. Sentimo-nos o máximo. Até nos
esquecemos de que toda pessoa, para entrar num relacionamento duradouro, deve
ter algo de bom no interior para oferecer. Afinal o verdadeiro amor não tem
lógica nem segue regras se quiser ser inesquecível. Faça sol ou chova
canivetes, o amor ainda é a peça que falta no quebra-cabeça da felicidade.
As lições que
aprendemos, dos encontros e desencontros, enriquecem nossos critérios na hora
de escolhermos o próximo parceiro. Somente quando a razão equilibrar-se com a
emoção, nossas ações darão bons frutos. É para isso que vivemos, para
experimentar o amor e suas consequências. Portanto, ame e deixe-se levar pela
corrente serena ou turbulenta do amor. Assim você não vai dar chance aos outros
de pensarem que você não é feliz...e que sua vida não passou de um sonho de
verão.