SÍRIA

Ao tomar conhecimento de que atualmente 60% da população da Síria possui menos de 14 anos de idade, fiquei pensando nas implicações de se viver numa sociedade destruída por guerras e por influências religiosas estrangeiras. O erro do ocidente e da NATO em apoiar um presidente sírio que não mais representa sua população, aumenta a fragmentação e destruição de toda uma nação que, para sobreviver entre os escombros, prefere deixar seu país numa aventura migratória de vida ou de morte. Crianças sem pais se tornam vulneráveis a todo tipo de abuso e de cooptação guerrilheira ou terrorista. Crianças sem famílias aprendem sob a égide da fome e do medo que viver é muito perigoso e precisam matar se necessário for para sobreviverem. Traumas definitivos  estão sendo registrados nas vítimas que um dia poderão se tornar perpetuadores da violência social, política e religiosa. Há que se olhar para a Síria com olhos de família humana, enquanto ela evapora diante do mundo omisso.

UNIÃO EUROPEIA

A juventude votou pela permanência da Inglaterra na União Europeia devido a facilidade deles viajarem e trabalharem provisoriamente por 27 países europeus com apenas um passaporte. Os europeus adultos e idosos votaram pela saída devido ao medo de estrangeiros roubarem os postos de trabalho nacional, numa época de escassez de empregos. A juventude não entendeu que centenas de fatores também influenciaram na decisão vencedora de saírem, talvez por eles não ajudarem a criar empregos. Os vencedores não entenderam que o medo não pode definir o futuro de uma grande nação.  A juventude britânica acusa os vencedores de facilitarem atitudes de intolerância em todos os aspectos de uma sociedade livre moderna. Os adultos compreenderam que a formação da União Europeia deu à Alemanha certa supremacia política e econômica sobre os demais países do bloco, o que muitas vezes só se consegue quando se vence uma guerra mundial. Nem todos compreenderam que a guerra silenciosa começa agora com ameaças de todos os lados.

DEMOCRACIAS

Todas as disputas do mundo contemporâneo terão questionamentos dos perdedores sobre os vencedores. Vivemos num momento planetário em que grupos específicos se acham no direito de impor suas convicções sobre toda a sociedade, mesmo após perderem eleições democráticas e plebiscitos. A democracia ainda precisa acordar as pessoas que pensam ser ela apenas um exercício de voto ou de veto. Ver o mundo hierárquico se desmanchar diante de nossos olhos, mas não ver uma nova ordem social nascer da base, justifica a permanência da democracia como instrumento de conscientização da humanidade, rumo à uma organização sociopolítica mais igualitária e inclusiva. A democracia somente será desnecessária quando o povo aprender a se despolitizar e a viver na unidade.

O PODER EM OUVIR

Aprender a ouvir significa tomar consciência de que a importância dada a algum assunto pela outra pessoa pode não significar nada para você, mas continua sendo importante para ela essa necessidade de comunicar o que a inquieta e precisa ser esclarecido para ser digerido. Demonstre a ela que você recebeu a informação, se possível repita as mesmas palavras dela para que ela as perceba com outra voz e entonação. Concorde com ela pelo menos por um instante, sem se envolver nas emoções que ela incorporou à narrativa. Se você quer vê-la otimista, manifeste você primeiro alguma forma de otimismo. Em todas as interações emocionadas a emoção é contagiante, seja ela qual for. Principalmente nos mais idosos.

PAZ E CONSEQUÊNCIAS

O que você diz e o que você faz, em qualquer circunstância, aciona o mapa das consequências. Há quem diga que o que você pensa também. Sem dar tempo ao tempo para digerir o rumo das interações, as consequências se tornam protagonistas e desviam pessoas do entendimento harmonioso. Sem calma, torna-se difícil manejar emoções confusas ou atender a todas as expectativas. Sem calma, tropeça-se no inesperado. Para manter nossa paz de espírito é preciso oferecer paz em cada interação, abrindo mão de argumentações descomedidas já que a paz, interior ou exterior, surgem de uma decisão. Estar atentos nos faz bem.

NOVOS TEMPOS E RECURSOS

Os departamentos de recursos humanos das empresas estão enfrentando grandes dificuldades de segurar os empregados jovens. A geração atual não pertence mais ao sistema hierárquico e buscam sinapses constantes de contatos relacionais como forma de estar no mundo, eliminando quase por completo a lealdade ao empregador. Algumas empresas já estão modificando o lay-out dos escritórios, transformando-os em áreas de lazer, bares e cinemas com telões multimídia. Estes jovens não procuram mais empregos. Eles procuram interações efetivas onde possam ser ouvidos, possam ser proativos com feedback imediato de suas escolhas técnicas e onde se sintam úteis como protagonistas do futuro tecnológico. Inovação é a solução.

CORAL DE MIL VOZES

Dentro de nós há várias vozes. Tem a voz gritante da dor e do desespero. Tem a voz sonolenta da consciência. Tem a voz confusa do entendimento. Tem a voz ruidosa do passado. Tem a voz pirotécnica do futuro. Tem a voz companheira dos sussurros de harmonia. Tem a voz do coração, pequena mas essencial. Tem a voz intrépida da ignorância. Tem a voz azul das intenções amorosas. Tem a voz sábia do espírito. Tem a voz acelerada da precipitação. Tem a voz rouca dos comportamentos tolhidos e sublimados. Tem a voz que canta a vida, cantando emoções para alguém. Tem a voz seca, quase muda, quase calada e assustada dos medos. Tem a voz altiva da confiança em si mesmo.  Tem a voz nublada do inconsciente. Tem a voz melosa do desejo. Tem a voz perdida de quem não tem voz, querendo se encontrar no caminho entre a garganta e a boca. Tem a voz irresponsável dos julgamentos. Tem a voz que insiste e a voz que desiste. Todas as vozes nos habitam. Até mesmo as que eu esqueci.

IMPACTO

Evitar assuntos controversos faz bem para o corpo. Quem se emaranhou num novelo obsessivo de opinião rígida, jamais terá capacidade de ouvir e de conviver com o diferente. Ele se recolherá numa redoma de vidro e verá ameaças e perigos em tudo o que for diferente de suas crenças. Ele foi impactado pela percepção de injustiça em algum momento de sua infância e a projetou anos mais tarde sem ter esta consciência. Quem não resolveu no passado terá mais dificuldades e conflitos no futuro ao misturar contextos. Tem horas em que é melhor segurar a respiração e deixar o bicho morder o próprio rabo.

RETORNO

Quando você não quer voltar para um local ruim onde viveu sua juventude, o que conta não é a sensação de fracasso nem o reencontro com a dor de encontros e desencontros vividos. Não é o medo de não ser aceito pelos que nunca saíram dali, considerando o quanto você mudou neste tempo todo. Não é o orgulho de ter mais bens materiais agora do que muitos daquele lugar, um prazer como recompensa por ter saído e prosperado.  O que conta em sua resistência é saber que lá fora há vida e dinamismo, oportunidades criadas e oportunidades oferecidas, pessoas em comum com a ambição de crescer e com a alegria de se divertir sem limites. O que conta é a verdade que aquele lugar para onde você está voltando não tem vida.

NEUROSE

Durante toda a sua adolescência e idade adulta você se tornou uma pessoa forte, de opiniões formadas, incapaz de se deixar levar pela opinião dos outros. Sua experiência ofereceu rigidez na forma de pensar e de falar. Aos poucos, sem tomar consciência, você se moldou em plena teimosia, achando que sabe mais do que todos e sobre tudo, desafiando o conhecimento médico, desmentindo as notícias da mídia, tornando-se proprietário da verdade. Com a chegada da terceira idade você já registrou em pedra e ferro a sua obsessão, a sua neurose e com elas a sua alucinação, sem saber se valeu a pena ter tanta razão assim no início de sua maturidade. Agora você corre o risco de transformar sua neurose em problemas para o mundo resolver.

PULSE (2)

O califado muçulmano assumiu o atentado, considerando Mateen um de seus seguidores. Aqui nos deparamos com a terceira implicação do episódio, a triste manipulação de jovens com mentes doentias, tornando-os inocentes úteis para uma causa violenta e sanguinária que está assustando o mundo com suas barbáries. Por trás dos ataques do ISIS, nós nos deparamos com a quarta implicação, a triste desumanização dos gays perpetrada por muçulmanos e cristãos do mundo inteiro, espalhando crimes de ódio quando deveriam ensinar e praticar o amor por toda a humanidade. Em pleno século XXI nós testemunhamos que não existe linha do tempo. Todas as fases de evolução e involução da humanidade retornam ao aqui e agora, mudando apenas os contextos e mantendo o núcleo central da agressividade humana como norma de sobrevivência num planeta superpopuloso e expressando o medo como a religião única de todos os povos.

PULSE (1)

O ato terrorista em Orlando, Flórida, possui várias camadas de complexidade a serem analisadas. A esposa de Omar Mateen, o autor do massacre, revelou que ele possuía tendência homosexual, logo após a confirmação de que ele frequentava o clube gay com um amigo gay e várias vezes saiu do clube carregado por estar muito bêbado. Nesta primeira implicação, deparamos com o triste desequilíbrio emocional de um jovem que não aceitava a própria homossexualidade por motivos religiosos que imputam a culpa e a condenação pública aos infernos aqui mesmo na Terra. A família dele também confirmou que ele sofria de distúrbios de bipolaridade. Aqui nos deparamos com a segunda implicação, o triste desequilíbrio mental de um jovem que sofria descargas internas hormonais ora deprimentes ora excessivamente empoderadoras, tentando combatê-las ou delas fugir através do consumo de bebidas alcoólicas.

ESCOLHA DAS ESTAÇÕES

Ciclos existem e sempre existirão. O mundo aparente é resultado de nossas escolhas pessoais e sempre envolvem as pessoas mais próximas de nós. Tudo muda constantemente para sustentar o movimento do que se chama vida. Conscientes ou não, fazemos escolhas o tempo todo. Vale dizer, escolhemos sim a estação interior que nos conduz pelos caminhos da existência. Tem gente que vive apenas no verão, levando uma vida louca e irresponsável, sem pensar nas consequências. Tem gente que vive apenas no inverno, vivendo uma vida isolada, sem interações sociais que tragam afetividade e prazer. Tem gente que vive constantemente no outono, vivendo apenas para as coisas materiais, sem se darem conta de que estão multiplicando medos. Tem gente que vive constantemente na primavera, vivendo apenas para tirar as coisas do lugar, pautando-se em planos que nunca são colocados em prática. Não basta escolher uma estação para viver. É preciso deixar que elas fluam naturalmente e nos escolham para esta aventura chamada vida.

COMO SE REINVENTAR

Preciso me reinventar da forma mais natural possível, embora não saiba por onde começar. Já fiz isso tantas vezes e nem prestei atenção como o fiz. Poderia recomeçar pela primavera de mim, saindo mais, brilhando os olhos, florescendo bons pensamentos, compartilhando com o mundo os aromas e perfumes do que tenho de bom. Poderia reiniciar pelo meu verão, esbanjando energia, acolhendo amizades em minhas águas, praticando mais esportes radicais e acionando todas as luzes das minhas paixões. Poderia recomeçar pelo outono pessoal, podando minhas arestas de excentricidades e manias, abrindo mão dos supérfluos, preparando-me para os desafios do amanhã e ficando mais resumido para sentir meu próprio sabor. Poderia também reiniciar pelo meu inverno, recolhido em minhas entranhas mais sublimes tão ricas de recursos, indiferente à frieza do mundo, amando a minha infinita profundeza, todos os dias da minha vida e reencontrando minha origem. É só escolher qual estação deixo acontecer dentro de mim mesmo.

PRIMAVERA

Primavera lá fora é primavera cá dentro. Assim como a natureza inteira se prepara com euforia e entusiasmo para uma nova fase de beleza exterior e dinamismo saudável a favor da vida, assim também nós nos preparamos com novos planos e novos hábitos, praticando novos exercícios ou esportes preferidos, limpando gavetas, cuidando de jardins e de plantas caseiras, cantando no banho, viajando sempre que possível e passando mais tempo fora de casa. Primavera é um período de exuberâncias, de novidades, de apreciação e de respiração profunda. A mudança é totalmente bem vinda e ocorre de forma natural quando nos acasalamos com a vida em sua essência.

INVERNO

Inverno lá fora é inverno cá dentro. Assim como a natureza inteira se recolhe na intimidade, em noites longas, despojando-se de tudo o que pode significar desgaste, nós também, como parte desta natureza, nos agasalhamos melhor, consumimos mais gordura para reter energia, fugimos das geadas e chuvas frias com um ótimo cobertor, descansando o corpo físico para contemplar internamente a essência do espírito que somos. No inverno prestamos mais atenção aos nossos relacionamentos, sentimentos, pensamentos e emoções, notando com clareza o que nos falta alcançar. No inverno nós nos distanciamos do mundo e reconstruímos nossa fortaleza interior para as competições do mundo. A hibernação é nosso melhor recurso neste ciclo. A mudança não é bem vinda e a reflexão ocorre de forma natural.

OUTONO

Outono lá fora é outono aqui dentro. Assim como a natureza se despe dos excessos, prenunciando tempos escassos e poupando energia e recursos para o futuro, assim também nós acumulamos recursos de formas ambiciosa, gananciosa e egoista, temerosos de perder o que possuimos e de não ter amanhã o que necessitaremos ou acreditamos precisar. É um ciclo de garantias no abastecimento energético e de cobranças nos relacionamentos. A gente corre atrás do prejuizo, mete-se em novas dívidas, cobra nossos devedores, compra mais do que precisa e muda prioridades. A mudança se manifesta como esperança e como garantia de futuro de forma natural, pois somos preservacionistas. No outono nós buscamos a matéria com afinco e demarcamos nosso território com garras afiadas.

VERÃO

Verão lá fora é verão cá dentro. Assim como a natureza inteira alcança esplendor em tudo o que move, redescobrindo seus limites ou sua capacidade máxima de contornar obstáculos físicos para se regular, assim também nós nos excedemos em atividades físicas no verão, expandindo a imaginação de forma prática, aperfeiçoando nossas conquistas e sedimentando relacionamentos pelo lado positivo da vida. Queremos divertir, curtir cada momento com intensidade, sorrir para as pessoas, esbanjar simpatia, para encontrar nosso espaço em todos os setores da sociedade, acreditando cada vez mais em nosso potencial individual, mas prontos para somar. A mudança é substituída neste ciclo pela implementação consciente de tudo o que foi incorporado na estação passada, ocorrendo de forma natural através de novas experiências do Ser.

OLHAR HUMANO

O olho da águia enxerga melhor quanto mais alto ela voa. Este distanciamento físico a libera das tramas traiçoeiras do envolvimento, das distrações nas interações e da influência da presa sobre a estratégia dela. O olho da formiga enxerga melhor quanto mais perto da outra formiga ela se encontra. Elas se comunicam em breves sinais sobre achados e perigos e imprimem velocidade ao seu trabalho baseadas nesta sinergia de cooperação. O olho do homem nem sempre vê o que está próximo de seu nariz, muitas vezes por escolha em não querer ver. Além de perder a visão que a montanha tem sobre o vale, ele perde as coisas pequenas e valiosas que escapam ao seu foco de atenção. O homem vê com o cérebro e não com os olhos.

NÃO CONTE

Não conte dinheiro, o número obtido pode não lhe agradar. Não conte estórias sem fim para não se tornar uma pessoa tediosa. Não conte estrelas para não se distrair e cair no buraco. Não conte mentiras para não precisar de muletas de novas mentiras que as sustentem. Não conte piadas para quem não tem bom humor. Não conte os erros para não julgares nem seres julgado. Não conte os deslizes para não caírem no riso. Não conte seus planos para não serem entortados pelos outros. Não conte sacrifícios para não seres abatido pelos exploradores. Não conte as horas passadas para não perderes os momentos presentes. Não conte os ovos antes de serem botados pela galinha, pois não sabes quando a raposa do imprevisto chegará. Nada conte. Apenas testemunhe.

DISCUTIR E DEBATER

Assuntos polêmicos trazem em si grande potencial para deteriorar amizades, desperdiçar energia e abraçar problemas mais sérios, além de nada resolver ou contribuir para a formação de opinião dos envolvidos. Discutir não é debater. Discutir é assumir um posicionamento de forma rígida, é impor uma percepção, é desmerecer outras opiniões válidas. Debater é analisar  consequências e eficiência da aplicação prática de ideias, é analisar com maior profundidade alguns fatos ocorridos de forma conflituosa. O complexo não se resolve nunca, mas pode ser abordado com novas percepções e novas orientações. O complexo é apenas uma possibilidade de inclusão e soma de várias leituras, sem considerá-las certas ou erradas. Discutir é perda de tempo. Debater é expandir conhecimento.

ELEVADOR

Observei várias vezes o comportamento das pessoas, de frente ao elevador, em várias repartições públicas, clínicas ou empresas e notei algo que se repete muitas e muitas vezes. Eu chego antes, pressiono a tecla para chamar o elevador, a tecla se ilumina e aguardo o elevador chegar. Cada pessoa que chega a seguir, independente de quantas pessoas já estejam esperando pelo elevador, pressionam novamente a tecla para chamar o elevador como se estivéssemos ali assistindo televisão ou como se fôssemos parvos o suficiente para parar de frente ao elevador sem pressionar a tecla de acesso a ele. As pessoas não pensam mais, nem nas mínimas coisas, não possuem senso crítico, não possuem visão periférica, não exercitam mais a lógica, não se comunicam antes de fazer algo em conjunto. Estamos todos automatizados.

ÁTIMO

Tudo o que é possível, vai acontecer. Tudo o que parece ser impossível, pode acontecer. Tudo o que aconteceu, passou pelas mãos da possibilidade e pela cabeça do destino. Tudo o que aconteceu foi desencadeado por fatores anteriores. Tudo o que é possível, transforma-se em pensamentos. Tudo o que é impossível, aguarda o trem da probabilidade para pegar carona. Tudo o que ainda não aconteceu, pode ter acontecido quando não estávamos lá. Tudo o que aconteceu, quebrou ou obedeceu a regras e leis universais. Tudo o que acontece é real para uns e irreal para outros. Tudo o que acontece tem propósitos e despropósitos. Acontecer é apenas um átimo atômico.

CAIR A FICHA

O entendimento claro e preciso não é para muitos. Não é possível para quem nega a realidade como ela é. Não é possível para quem possui visão distorcida ou defende uma agenda pessoal que a cega. Não é possível para quem anda no mundo da lua e depende apenas de um paraquedas chamado acaso. Não é possível para quem tem preguiça de pensar e refletir sobre o que lê, vê ou escuta. Não é possível para quem tem pouca experiência de vida, pois só aprendem pelo fazer. Não é possível para quem escolheu viver na superficialidade, cultivando o inútil e o supérfluo. Quem não entendeu algo é porque ainda não está maduro para aquilo. Cair a ficha é a expressão usada ao receber o entendimento de forma repentina, sem qualquer esforço consciente.

CONTRATOS EM GERAL

Nem todo contrato é escrito no papel para ter validade. Há contratos inconscientes de alma, destes em que as coincidências e similaridades da vida são mais do que coincidências. Há contratos emocionais onde duas pessoas se apoiam com confiança para atravessar os momentos difíceis. Há contratos psicológicos onde duas ou mais pessoas se comprometem a sustentar um conjunto de comportamentos específicos que os façam se sentir úteis. Há contratos sexuais onde duas pessoas praticam a entrega sem se perderem. Há contratos de honra onde a palavra dada é firmada em valores humanos de honestidade e brio. Há contratos de cumplicidade onde duas pessoas escondem juntas suas verdades mais questionadas pelos outros.  Há contratos espirituais onde a pessoa se agarra ao poder de alguma entidade religiosa para alcançar alguns objetivos nesta vida. Todos tem data de vencimento. Todos tem contratos.

FÁBULA DAS PODAS

Certa vez um jardineiro acordou nervoso e foi trabalhar irritado e raivoso. Ao chegar perto da árvore frutífera mais frondosa do pomar, decidiu podá-la sem mais nem menos. Como sua emoção predominante era a raiva naquele momento, ele podou mais do que deveria, sem se dar conta do que estava fazendo. Nos anos seguintes aquela árvore já não tinha força, produzia menos e seus frutos se formavam com fungos, perdendo toda a doçura anterior. O homem que a podou foi o primeiro a perder a delícia de seus frutos. Quem por ali hoje passar, dirá que aquela árvore-pessoa não presta mais para nada, pois não saberá que um dia um jardineiro mudou o mundo com a sua raiva. Para pior.

PENSAR É UM VÍCIO

Pensar é um vício difícil de combater, já que o cérebro humano foi criado e programado para pensar enquanto estiver funcionando. Há quem pratique técnicas para acalmar a velocidade dos pensamentos. Há quem pratique técnicas para influenciar os pensamentos de outras pessoas. Há quem pratique yoga para calar a mente e ocupá-la com a arte da contemplação. Há quem faça uma lavagem cerebral em outras pessoas para repetirem apenas o que lhes foi programado. Há quem pratique técnicas para desprogramar a mente de um espião ou preso político, conforme os interesses e as circunstâncias. Há quem se especialize em confundir a mente dos outros com mentiras brancas e desinformação. Há quem se especialize em ajudar pessoas a organizarem seus pensamentos para obter melhores resultados práticos. Há quem ensine a mente de alguém a aprender e a desaprender. Há quem pense alto pelas ruas como sintoma de distúrbios mentais. Eita vício difícil.

LENDA

Houve um tempo em que tudo era gigante na natureza. Sem interferência da humanidade, como a conhecemos hoje, a natureza mandava e desmandava. Havia Deuses Imensos e Semideuses, dinossauros e outros animais gigantescos, torrentes furiosas de lavas e labaredas, raios demorados, árvores monumentais e ilhas celestiais. Um dia o homem, como o conhecemos hoje, chegou por aqui, fez a pedra rolar, colocou fogo nas matas, caçou o que não devia, destruiu o que nunca aprendeu a criar e pensou que era o dono de tudo. Como ele se procriou e proliferou profusamente, não deu tempo de descobrir a verdade.

QUEM É VOCÊ?

Quem está pronto para a transição que algumas pessoas chamam de fim, estará pronto para começos e recomeços. Estejam todos atentos. Em um segundo se desfaz o que levou anos ou centenas de anos para se manifestar. Um segundo apenas. Tudo é energia e à energia retornará. O tempo é mera ilusão para quantificar tudo o que não se explica por ter dimensões atemporais. Comece  aperceber tudo como energia em constante transformação. Você só vê a parte, nunca o todo. Você só vê o visível, nunca o invisível. O todo e o invisível sempre existiram, mesmo antes de você ser concebido pela primeira vez. A essência do Ser é o que chamam de NADA, o vazio que não se preenche, o vazio que apenas se movimenta para que a energia se manifeste na diversidade. Acorde. Você não é o que pensa ser, nem o que pensa ter. Você é esse NADA.

SEM CÓPIAS

Passe a sua felicidade adiante, nunca as suas frustrações. O que você doa sempre volta, às vezes duplicado, conforme a intensidade do que você lançou no mundo. Assuma logo que você é peça rara, sem cópia, artigo de valor do sonho de consumo de muitas pessoas. Como tem sempre alguém querendo ser o que você é, pare de querer ser como um outro alguém que admira, passando a admirar-se e a reconhecer em si sua originalidade. No meio de sete bilhões de habitantes você tem a chance de se revelar único e isso é muito significativo. Seja o que é, seja único, seja você....e pague o preço.