terça-feira, 24 de abril de 2012

CURIOSIDADE


A curiosidade, essa flecha de interrogação que atinge certas pessoas, os puxa na direção do objeto que lhe rouba sua atenção, pelo fascínio de suas exclamações. Ela é sinal de desconfiança, sede de sabedoria, veículo de segundas intenções, fonte de criatividade, impulso de descobertas, eco de autoestima, busca da verdade, confirmação de crença, material abstrato de sonhos e desejos ocultos, monólogo em ebulição e alerta de ética e de imprudência.

Ser curioso é jogar o verde para colher o maduro, no ditado popular. É vir com o bolo pronto quando a pessoa ainda mexe a farinha na tigela. É arma que mata ao descobrir o que não esperava nem queria ver ou quando invade a privacidade onde não devia. É falar demais e dar bom dia a cavalos ao envolver a vítima e dela recolher informações picantes para temperar uma adorável fofoca de salão.

A curiosidade é instrumento de realização pessoal em vários setores de relacionamento, mas torna-se veículo de crescimento positivo quando abraça verdadeiramente a criatividade. Juntas, elas conquistam a ciência das negociações e favorece quem as usa. Juntas, elas provocam lucidez de uma parte e quebra de teimosia da outra parte. Juntas, elas convergem uma interação comercial ao sucesso das vendas.

A curiosidade funciona mesmo é como termômetro de interesse por algo ou por alguém, um elemento condutor que preza a revelação mais do que o sentido em busca de uma risada marota. O curioso sabia ou desconfiava de uma situação, acreditou em sua intuição e quebrou a cara ou derrubou a máscara de alguém. Ele sabe incomodar o marasmo.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

DIA MUNDIAL DO LIVRO


Hoje, dia 23 de Abril, é o dia escolhido para ser dedicado aos livros por coincidir com o dia da morte dos escritores Shakespeare e Miguel de Cervantes. O Dia Mundial dos Livros é uma homenagem justa a quem se tornou amigo, consultor, professor, contador de estórias, instrumento cultural e defensor da beleza poética para os leitores.

O livro nos amadurece, nos emociona, nos descortina universos antes inacessíveis aos olhos, nos enriquecendo de ideias e criatividade. O livro nos inspira palavras e atitudes mais belas e puxa um fio condutor em nosso destino rumo ao crescimento pessoal. Ele é ponte entre todas as civilizações, unificando a história e as experiências de vida da humanidade inteira. Ele é porta para o conhecimento na forma mais democrática possível. Ele é janela para os delírios e suspiros da alma em suas manifestações do desejo de ser feliz.

O livro é o engenheiro civil das sociedades, o dentista das falas e dos sorrisos, o médico da mente e do corpo são. Ele é o professor da rica cultura criada pelos povos de todos os rincões da Terra, é o trabalhador e o lavrador do pensamento construtivo, é o psicólogo das emoções humanas, é o cientista da ficção geradora de descobertas.

 Em todos os gêneros, o livro educa as crianças e fortalece os adultos na cidadania e na paz. Estandarte da imaginação, o livro anuncia os valores que garantem a nossa evolução e os perigos que comprometem a nossa existência diante do incerto. Ele é pai, irmão, mãe, família para quem o busca no silêncio interior da espera. Comemoremos o Dia internacional do Livro com uma boa leitura.

Benedito José estará lançando seu livro A CARROÇA DAS SETE VIAGENS na primeira FLIPASSOS- FEIRA DO LIVRO DE PASSOS no dia 12 de maio no palácio da Cultura e convida a todos para uma noite de lançamento e autógrafos.





sábado, 21 de abril de 2012

ESCREVA ALGUMA COISA POR FAVOR


Escrever é organizar ideias, clarear entendimentos, definir os passos a serem dados, dar vida ao abstrato, olhar para dentro, negociar as necessidades básicas, olhar para o que ainda estiver escondido, dar voz ao silêncio, encontrar respostas, declarar o mistério de cada instante, jogar luz nas intenções. Escrever é abrir com segurança a represa das emoções e dela recolher a energia da esperança em um mundo melhor.

O bom escrevedor é aquele que leu muito, aquele que pensou e visitou muitos pontos de vista sem a obrigatoriedade de adotar um deles, aquele que se informou sem ser deformado pela manipulação de muitos. O bom escrevedor é aquele que mantém diálogo interno com o mundo, com as verdades e inverdades do ser humano, com os vários aspectos da existência, com as oscilações dos acontecimentos, com o que há lá fora mais parecido com o que há lá dentro. Ler e escrever são atos de discernimento.

O bom escrevedor é aquele que passeia pelos posicionamentos pessoais sem priorizá-los, sem lhes dar preferência, sem fincar bandeiras, sabedor de que sua função principal é a de abrir portas e janelas ao leitor sedento de novas experiências. O bom escrevedor é aquele emprestador de olhos e de coração para os que não querem ver ou se deixaram dominar pela tirania da mente fria e calculista, é aquele ser gentil que recupera aos olhos da humanidade o que passou pelo rio da vida sem virar peixe para a alma, aquele pintor de realidades imperceptíveis aos olhos dos mais desavisados.

Escreva alguma coisa, por favor. O lápis espera a mão titubeante, a mão vertiginosa, a mão incessante e inquietante diante das incertezas do sentido da vida. A caneta espera a mão disponível durante as obrigatoriedades do cotidiano, a mão livre e solta que busca um guardanapo de papel para guardar ideias de ouro, a mão que recolhe os respingos de inspiração e os pontos de esforços intelectuais. A tecla do computador espera a mão ágil e assertiva que corre afoita atrás das palavras sutis relampejadas na alma, a mão que pesquisa a forma visual e o conteúdo prático sem perder a beleza inerente das curvas da gramática portuguesa. Escreva alguma coisa, por favor. Se não tiver lápis, caneta nem computador, escreva com as tintas de sabedoria uma literatura oral que encante as crianças com contos de fadas e os adultos com causos de heróis e vilões que cruzaram os nossos caminhos. Não se esqueça. Escrever é um ato amoroso. Escrever é viver e registrar a vida na página branca do amor.


sexta-feira, 20 de abril de 2012

ROLHA DE CORTIÇA


A melhor metáfora que encontrei para descrever a etapa do processo de despertar, no qual me encontro agora, é estar flutuando à deriva como se fosse uma rolha de cortiça, entre o cais e o mar infinito. Vejamos, por partes, os possíveis significados de cada elemento desta metáfora.

A rolha perdeu sua função conhecida de tapar buracos e bocas de garrafa para preservar o conteúdo e os aromas. Ela deixou de trabalhar para segurar o passado, deixou de guardar o conhecimento para necessidades futuras, colocando-se a serviço do momento presente como único instante em que se pode usufruir do aroma da vida. Ela desvalorizou a linha do tempo e eternizou o que havia acima e abaixo desta linha, ou seja, o vazio onde existem as infinitas possibilidades.

Flutuar à deriva é como renunciar ao roteiro de viagem, sem pressa para chegar a lugar algum, sem lugar para visitar, sem apegar-se a nenhuma função. Flutuar feito rolha solta no mar é abrir mão de metas, é desapegar-se de tudo o que antes lhe dava prazer, é descomprometer-se do comando ilusório para experimentar a fluidez da energia vital que se manifesta automaticamente. Estar entre o cais firme e sofredor e a imensidão do mar inquieto é tornar-se indiferente à agitação mental, para ceder lugar a algo maior que chamamos consciência. Só a sensação de deriva elimina a sensação de estranheza. 

Não ter uma função desejada e definida é possibilitar-se útil para qualquer movimento universal da vida. Flutuar à deriva é saber internamente que tudo está perfeitamente correto como acontecimento; é saber que a vida tem autonomia para fluir independentemente das intenções de cada individuo ou cada grupo. Somente as rolhas leves se deixam conduzir pelos movimentos vitais que a cercam de manifestações divinas.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

A ESCRITA LITERÁRIA


O ato de escrever é um exercício de transcendência do que se pode viver, interpretar, extrair e partilhar de um momento acontecido, dentro ou fora de nós. Escrever é recolher copos de água para montar um poço, um rio, um lago ou um oceano de ideias. A água é o pensamento nu, ou contorcido, ou multiplicado, ou extasiado, ou encolhido, ou enfeitado, ou penetrado, ou organizado, ou levado às últimas consequências.

 Escrever é um ato de garimpagem, mas antes de tudo é trabalho de criação onírica e projeção visual daquilo que nos dá prazer e denuncia a dor. É alquimia individual das experiências e das carências humanas. Escrever é dar voz a tudo que existia no mar do silêncio, promovendo diálogos e monólogos com a essência do que existia sem corpo, por mais inquietantes ou neutras elas possam parecer. Escrever é tirar a voz das pedras, da miséria humana, do ignorado, do inconsciente, do inexistente.

O escritor, este operário da palavra, não conhece a identidade do recipiente, mas revela traços de sua própria personalidade em sua escrita. Uns procuram a palavra mais verdadeira, outros, a mais bonita. Uns procuram a alegria, outros o suspense. Uns procuram o entretenimento, outros o suspiro do coração. Uma coisa todos tem em comum. Procuram, juntos, o espelho que possa revelar por inteiro a humanidade, em sua trajetória de vida e de morte. O escritor é este leitor da própria existência, no ato de transplantar a realidade manifesta para as formas da palavra, seja no princípio ou no final de um instante que se eterniza para quem busca o eterno.

Servir-se de um bom livro é conectar-se com o próximo passo de crescimento pessoal. É alimentar-se do pudim das ideias. É semeadura de intenções e impetuosidades. É praticar esportes intelectuais para fortalecer os músculos da inteligência. Ler um bom livro é reencontrar a esperança na libertação de nossas antiguidades. É tomar um banho para refrescar os vícios de linguagem adquiridos na rua suja do tempo. É receber bênçãos de um amigo invisível e recolher o néctar da vida em nossos voos tímidos. Ler um bom livro é ver-se nele.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

CRIANDO PROBLEMAS


O filho cria problemas para a mãe que cria problemas para o marido que cria problemas para o patrão que cria problemas para o empregado que cria problemas para o cliente que cria problemas para o empresário que cria problemas para o empregado que cria problemas para a esposa que cria problemas para o filho. O governo cria problemas para o político que cria problemas para o eleitor que cria problemas para o político que cria problemas para o governo
.
Alguma vez você já parou para pensar como a função principal de cada pessoa, em cada interação, consiste em criar problemas para atender as próprias necessidades? Ou que o egoísmo leva as pessoas a criarem problemas constantemente, por força de hábito ou simplesmente por provocação? Ou que a competição, existente no mercado de trabalho e no atendimento das necessidades humanas, nada mais é do que a geração de problemas para deslocar as pessoas de seus posicionamentos na vida?

Alguma vez você já percebeu que a busca de estabilidade financeira, emocional, física, trabalhista, ou qualquer outra que você possa imaginar, quebra o equilíbrio dos outros em nome do próprio equilíbrio como se quatro pessoas quisessem ocupar o mesmo lugar no espaço? Já reparou naquele cliente que entra na loja, não para comprar, mas apenas para estragar o dia do vendedor? Ou daquele estudante que entra na sala de aula, não para estudar, mas apenas para atrapalhar o bom andamento de uma aula ou o humor da professora, a qual acaba se envolvendo e atrapalhando a concentração dos outros alunos que nada tinham a ver com a situação? Ou que pessoas são pagas para criarem problemas?

Como estamos todos interconectados, conscientes ou não nós nos contentamos em agitar o ambiente, na busca do atendimento de nossos caprichos pessoais; ou na realização de nossas vontades mais infantis; ou na obtenção de atenção, de vantagens pessoais, de objetos ou coisas que não nos pertencem, para sermos vistos e admirados pelos outros, para espantar algumas pessoas do nosso caminho. Parece que o ser humano só acredita em si se derrubar ou incomodar os outros. Deve ser algum defeito de fabricação na planta original, mas o ser humano adora criar problemas.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

ADÃO E EVA


A metáfora bíblica do homem primordial narra o momento em que a mente humana começou a nadar com seus próprios recursos e se ausentou da fonte original. Esta separação se deu de maneira tão forte que nos conduziu com força por um caminho circular imenso. Cada descoberta era um ponto desta linha, sem a consciência de que não era uma linha reta, mas sim um círculo ou elipse. As memórias descritas nesta fábula ainda recontam as maravilhas do jardim do Éden anterior à separação.

O processo atual do despertar coletivo, de consciência da humanidade, vem trazer de volta a felicidade suprema dos jardins do Éden que repousa no interior de cada Ser. Seria como o reatamento da amizade entre Deus e o Homem, de forma tão miscigenadora, a ponto de eliminar a identidade egoica, para que esta presença divina nos acompanhe ininterruptamente em todos os momentos de nossa vida, fortalecendo as decisões individuais rumo à proteção constante de toda forma de vida.

Precisamos daquela fábula, por muitos séculos, para garantir o retorno à realidade maior, quando alcançássemos um momento de ruptura com a razão, perdida em seus descaminhos destruidores. Chegada a hora, em 2012, o mundo começa a se modificar para escapar das armadilhas mentais que o exauriram de sua essência divina. Ser um Ser divino significa defender a vida constantemente, onde quer que haja uma, duas ou mais criaturas. Sejamos contra o suicídio (uma), o aborto (duas), as guerras (tantas), as bombas nucleares (o homem e a natureza). Quem se posiciona contra a vida perdeu-se de sua origem, de sua essência, e se confundiu com bandeiras ou princípios sem conexão nenhuma com a felicidade suprema que vem de Deus. A vida é uma fábula adormecida. Quem despertar sua consciência saberá que o Éden nunca foi destruído e que o Criador Supremo nunca se afastou de suas criaturas adormecidas. 

quarta-feira, 11 de abril de 2012

FÁBULA DAS PERCEPÇÕES


                                          (autor desconhecido)

No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebês.

O primeiro pergunta ao outro:

- Você acredita na vida após o nascimento?

- Certamente. Algo tem de haver após o nascimento. Talvez estejamos aqui
principalmente porque nós precisamos nos preparar para o que seremos mais tarde.

- Bobagem, não há vida após o nascimento. Como verdadeiramente seria essa vida?

- Eu não sei exatamente, mas certamente haverá mais luz do que aqui.
Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comeremos com a boca.

- Isso é um absurdo! Caminhar é impossível. E comer com a boca? É
totalmente ridículo! O cordão umbilical nos alimenta. Eu digo somente
uma coisa: a vida após o nascimento está excluída - o cordão umbilical
é muito curto.

- Na verdade, certamente há algo. Talvez seja apenas um pouco
diferente do que estamos habituados a ter aqui.

- Mas ninguém nunca voltou de lá, depois do nascimento. O momento do
parto apenas encerra a vida. E afinal de contas, a vida é nada mais do
que a angústia prolongada na escuridão.

- Bem, eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com
certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós.

- "Mamãe"? Você acredita em "mamãe"? E onde ela supostamente está?

- Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela nós vivemos. Sem
ela tudo isso não existiria.

- Eu não acredito! Eu nunca vi nenhuma mamãe, por isso é claro que não
existe nenhuma!

- Bem, mas às vezes quando estamos em silêncio, você pode ouvi-la
cantando, ou sentir como ela afaga nosso mundo. Eu penso que só a vida
real nos espera, e agora apenas estamos nos preparando para ela...



Percepções, percepções e percepções... Não somos mais do que
percepções...

segunda-feira, 9 de abril de 2012

HISTÓRIA E ESTÓRIAS


A palavra história ainda confunde muitos estudantes em seu significado, tanto pela pronúncia errada quanto pelos deslizes da fala. A palavra estória é a culpada deste conflito sonoro. As duas palavras são instrumentos usados em função do tempo, uma vez que registram o começo, o meio e o fim de algum evento real ou imaginário, bem como denunciam silenciosa ou abertamente o posicionamento de quem as passou para frente.

Estória é sempre vinculada aos verbos e à imaginação, narrando um evento e suas circunstâncias dentro de um determinado contexto. Ela brinca com o ouvinte ou leitor, provoca-o em sua capacidade de entendimento, surpreende-o com ideias mirabolantes e inesperadas, prende sua atenção com a energia do encantamento, serve-se da confusão e do mistério para imobilizar temporariamente o ouvinte e dele extrair comentários inteligentes ou complementares.

História é o registro sensorial de um momento que pediu para ser lembrado, tanto pela profundidade de quem a viveu, quanto pela necessidade de ser útil algum dia para outras pessoas que ainda nem nasceram. Sendo um registro da evolução humana no planeta Terra, a história é ferramenta valiosa no estudo das consequências de cada escolha humana nos níveis individual e coletivo, bem como é mantenedora de suas conquistas.

Dizer que toda estória é uma história ou vice versa pode criar algumas confusões a mais. A história pode ser contada em fragmentos, em imagens soltas, em episódios independentes, não sendo necessariamente narrada como estória. Ela também pode ser narrada como uma colcha de retalhos, unificando acontecimentos de datas diferentes. A maneira como ela é transferida é que vai emprestar características de estória a ela. Já a estória nem sempre aconteceu de verdade, embora às vezes tenha a força de personagens vivos e de lógicas inquestionáveis. Aliás, tudo é questionável tanto na história registrada quanto nas estórias contadas, pois ambas passaram pelos filtros de pessoas humanas tendenciosas e passíveis de erro. Quem predomina finalmente sobre todas elas é o mistério.






sexta-feira, 6 de abril de 2012

MOBILIDADE SOCIAL


Se um estrangeiro recebe ou conquista a chance de residir em outro país, ele compreende que a ele está sendo dada uma série de oportunidades de progresso, com deveres e direitos a serem observados, bastando para isso sua adaptação ao novo meio, de maneira que ele nem passaria percebido como alguém indesejado. Chama-se a isso, acesso à educação de valores com civilidade social. Se este mesmo estrangeiro chegar num país, onde ele poderá conviver com um grupo maior de conterrâneos, o processo de adaptação será dificultado pelas resistências internas e pela influência dos que já estavam ali antes dele chegar, recusando-se parcialmente a aprender novos hábitos e demonstrando certa incompreensão quanto à cultura a ser adquirida, para poder fazer parte integral deste novo grupo social. Se este mesmo indivíduo chegar num país, onde ele poderá conviver com um grupo de quinhentos conterrâneos, naturalmente ele dará adeus à adaptação completa, levando para este país o seus vícios de comportamento, chocando a população estrangeira, inserindo nela hábitos indesejáveis, achando-se no direito de alterar violentamente a paisagem social, sem atender ao respeito dos deveres estruturados anteriormente a sua chegada e criando novos desafios de relacionamento. Neste caso, o que moveu o cidadão a encontrar uma nova oportunidade partiu dele mesmo, de sua força de vontade e capacidade pessoal, de sua motivação interior para realizar os seus sonhos. Mesmo assim o processo apresenta-se lento como aspecto inerente de uma adaptação estável e agregadora.

Fala-se muito em mobilidade social no Brasil de 2012. Tudo foi e está sendo feito com motivações completamente diferentes do exemplo citado, partindo direto do nada para o terceiro caso citado acima. A população que se encontrava abaixo da linha de pobreza foi transformada em consumidora num passe de mágica, trazendo consigo todos os seus vícios de comportamento. É natural que sua realidade social, baseada na injustiça e má distribuição de rendas, a acompanhará como valores pessoais, levando-a a agir acima das leis, de forma gregária como elemento obrigatório de sobrevivência, não por maldade, mas sim por desconhecer a realidade dos grupos sociais de classes superiores. Movidos por um revanchismo histórico, estão sendo manipulados e conduzidos à uma luta de classes sociais, quebrando diariamente este tecido resultante de leis e costumes respeitados em nome do bem comum. Chocam-se com aqueles que possuem alguma cultura, armam seus barracos se não forem atendidos como eles pensam que devem, tomam o que não lhes pertence quando se dão conta de que levarão muitos anos para adquirir bens duráveis pelo trabalho cotidiano, espalham a violência urbana quando percebem que o aparato policial é insuficiente e a violência rural quando encontram respaldo em um governo populista demais com revés comunista, além de imporem à sociedade como um todo suas emoções pessoais não trabalhadas pela conscientização.

 O Brasil de 2012 precisa acordar logo para esta realidade que criou. Só assim os esforços dos governantes poderão mudar de rumo e favorecer a educação em forma de mutirão, para esta parcela da sociedade que se encontra perdida como se a nova vida fosse um filme americano de bandidos e mocinhos. Mobilidade social sim, mas com educação em massa, com orientação educativa, com preparação da população antes de implementar qualquer mudança de alcance maior. Não adianta sermos a sexta economia do mundo, com números facilmente manipuláveis pelo governo de plantão, se a realidade das ruas mostra uma luta constante de valores entre os que se beneficiam pela corrupção de alguns e os que defendem a vida onde ela estiver.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

PRIMEIRA FLIPASSOS


A cidade de Passos-MG prepara-se para a sua primeira feira nacional do livro – FLIPASSOS – na semana das comemorações de seus 154 anos de emancipação política. Foco de questionamentos atuais sobre o seu futuro, o livro impresso enfrenta a competição da modernidade tecnológica e dos movimentos ecológicos e o desinteresse de crianças, adolescentes e jovens pela leitura espontânea, sem a obrigatoriedade escolar.

Quem não pensa por si mesmo acaba sendo pensado pelos outros. A manipulação atual das massas só mudou de nome, de massa de manobra para políticas sociais. A parcela da população brasileira que não lê livros é exatamente aquela que insiste em defender um governo populista e acaba sendo manipulada por ele, pela força da propaganda governamental. Basta observarmos o que aconteceu nas universidades brasileiras, tais como a USP, onde um pequeno grupo de bandidos iletrados se infiltrou nas associações estudantis, para pegar carona na politização das consciências dos alunos em nome da esquerdopatia reinante. O resultado foi o aumento visível do consumo de drogas, assaltos à mão armada e estupros nas imediações escuras do campus universitário, provando que não basta dar acesso logístico e material a quem se recusa estudar e evoluir.

A leitura de livros é e sempre será um veículo cultural contra o analfabetismo e a ignorância, estimulando o surgimento de verdadeiros líderes comunitários, preparando o terreno fértil para o desenvolvimento da criatividade e das pesquisas, desenvolvendo as comunidades e proporcionando mais segurança e bem estar para a população em geral. Quem não lê não pensa por si mesmo, pois não exerceu o ato de pensar. Quem se expõe à leitura, encontra diversas formas de expressão e enxerga diversos ângulos de entendimento de uma mesma situação. 

As crianças, os adolescentes e os jovens do Brasil de hoje precisam de mais livros e leituras. A FLIPASSOS vem atender a esta necessidade e destina-se a plantar novas sementes de talentos literários. Participemos de todas as suas atividades culturais entre os dias 08 e 14 de Maio de 2012.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

RAIZ DA VIOLÊNCIA

Tudo tem começo, meio e fim dentro do espaço das percepções. A violência que tanto condenamos na sociedade tem seu início no lar e não na sociedade como nós acostumamos culpar, a não ser que você considere a sociedade formada por famílias. A sociedade é formada por grupos. O núcleo familiar é o berço onde aprendemos a lidar com o sentimento de raiva e de frustração quando as coisas não acontecem do nosso jeito.

A ignorância, a falta de educação, a falta de respeito, a brutalidade e o autoritarismo de certos pais são os únicos responsáveis pelo surgimento da revolta dentro do indivíduo. Quem está por cima acaba pisando na dignidade dos filhos, mesmo que isto não faça sentido. Sentir-se pisado, humilhado, diminuido, desrespeitado pelos pais é o suficiente para deixar marcas indeléveis na criança, a qual dará vazão aos seus sentimentos logo na adolescência. Se tiver más companhias, será instrumento da violência urbana.

Há um momento em que o jovem infrator precisa sentir bem a respeito de si mesmo, necessita sentir-se campeão, invencível, poderoso, para abandonar ou esquecer tantos momentos em que se sentiu frustrado. A arma em suas mãos lhe oferece este presente. As más companhias lhe atribuem um valor falso, mas convincente, de que ele é aceito num grupo que o equipa para tarefas vencedoras.

 Interiormente, o jovem infrator descarrega momentaneamente a sua raiva, sem perceber que agora a fera é ele mesmo, o animal em que se tornou vai ficar dependente daquela forma provisória de descarregar raiva. É assim que a violência adota nossos jovens nas grandes cidades ou nas comunidades em que não são valorizados. É assim que estes jovens vão esconder, em suas entranhas, a dificuldade que possuem de se enquadrar numa sociedade civilizada onde poderiam ter função. Um dia foram vítimas inocentes, agora têm o poder de tornar pessoas inocentes, fracas e desprotegidas em suas vítimas aleatórias.

terça-feira, 3 de abril de 2012

MORRER SOZINHO

Morrer em si já é um processo assustador para muitas pessoas. Imagine morrer sozinho. Hoje parei para pensar naqueles que são abandonados pelos filhos em asilos, nos imigrantes que morrem distantes da família, os motoristas que morrem  em acidentes, naqueles que morrem sozinhos nos hospitais sem dar tempo de chamar os familiares. O que passaria pela cabeça na hora de nossa morte?

Neste momento não há mãos para eu segurar, nem voz para me falar do eterno, mesmo sabendo que eterno é o medo de ficar sozinho. Não vou poder olhar assustado nos olhos frios daqueles que já se conformaram com a minha partida, de olho na partilha de meus bens. Não vou poder olhar nos olhos molhados daqueles vultos emoldurados na parede, pois nesta hora ninguém chora por mim.

Não posso resolver voltar. A mim não me foi dada nenhuma escolha. As folhas simplesmente caem das árvores. Talvez esta queda ou este medo da queda é que me faz ter receio dos abismos dimensionais, do escuro sem fim, do silêncio mortal. Talvez não haja porta definitiva para eu fechar sem rezar adeus, sem ao menos dizer “até logo” para os esquecidos, do destino que é programado para todos os viventes. Só me resta sonhar com os deuses e com os filhos dos deuses do outro lado da porta de luz.

Chegou mesmo a hora de eu ir embora? Tem hora de se ir embora? Não vejo fronteiras diante desta descontinuidade insana. Penso que vou morrer na desimportância do tempo, o qual permanece calado e parado diante de meu nariz. Isto está mesmo acontecendo? Quem, a vida ou a morte, está acontecendo? Vou ter que acreditar que a morte é a resposta mais curta para as perguntas da solidão?. De uma coisa eu tenho certeza. Vou morrer aprendendo a viver

segunda-feira, 2 de abril de 2012

LIMITAÇÃO FINANCEIRA

Quando gerações e gerações de uma família sofrem dificuldade financeira, os filhos pequenos crescem cultivando consciência de falta ou de pobreza. Alguns comandos comportamentais tais como “não pode”, “isso não é prá nós”, “não tenho dinheiro”, sendo proferidos com freqüência, passam a enraizar condicionamentos de limitação financeira.

Sempre que algo não dá certo, os amigos nos consolam dizendo que não era a hora daquilo acontecer, ou que tudo tem a sua hora certa, ou que só acontece o que tem que acontecer. Oramos com fé e esperança para melhorar as finanças,e  reunimos os poucos recursos restantes e disponíveis, buscando soluções lentas e demoradas. Aos poucos vamos concluindo que nem as boas intenções podem resolver nossos problemas para receber o que nos devem ou para pagar as contas acumuladas. Buscamos ajuda dos bancos, assumindo mais dívidas, ou de amigos e parentes que de nós se afastam quando se dão conta de nosso apuro monetário.

É quando renunciamos a algo importante ou nos resignamos diante de um sonho antigo, e partimos para a estrada em busca de oportunidades melhores, novos empregos, motivação e criatividade, maior esforço físico e dedicação. Descobrimos no bom combate que a necessidade de sobrevivência também quebra aquele condicionamento antigo de falta ou de pobreza e criamos uma causa nobre para lutar com honestidade acima de tudo. Sem perceber, quebramos paradigmas e construímos novas riquezas, acessando forças interiores que nos impulsionam rumo ao progresso pessoal, resgatando a autoconfiança e caminhando de cabeça erguida. É hora de experimentar novas limitações e outras descobertas.

domingo, 1 de abril de 2012

APÓS O DESPERTAR

Algumas pessoas imaginam que gente desperta não erra e que depois de despertos só acontecerão coisas boas em sua vida. Não é bem assim. Lá fora existem todas as possibilidades em cada instante. O que há de mudar é a ausência de angústia na hora de decidir ou encarar os acontecimentos.

Se o processo de preparação para o despertar era baseado na experiência de observar ou testemunhar o momento presente, após o despertar este processo continua indefinidamente. As situações vão surgindo e apresentando várias opções ou soluções, várias carências e necessidades, mas a escolha deve ser feita de acordo com a observação do encontro de possibilidades daquele momento único. Isso não significa que você apenas tomará a decisão correta sempre. Poderá mudar de opinião horas depois, mas a mudança ocorrerá em nome da maior eficiência do momento posterior, sem comparações com o momento anterior ou com a decisão antiga.

 Chama-se a isso fluidez, como caminhar sem resistência. Chama-se a isso naturalidade, como saber que tudo está caminhando perfeitamente, mesmo que você ainda não tenha visto nem antecipado o resultado. Chama-se a isso iluminação, como enxergar melhor todos os elementos envolvidos em cada situação, sem julgar o posicionamento de cada um deles no contexto geral. Sem a predominância do ego, e sem os seus posicionamentos, as soluções se apresentam com a maior clareza possível para aquele dado momento.

O melhor de toda esta mudança será o fato de que o aumento do número de pessoas despertas diminuirá o número de conflitos em geral. Assim ficará mais fácil colaborarmos com o todo e recebermos colaboração dos outros, gerando mais harmonia. Sem angústias na hora da interação, sobrará mais energia ao indivíduo para exercitar melhor todo o seu potencial intelectual e profissional.